Por Luiz Raul Machado, via Afonso Machado –
Querido Cartola:
A imagem na TV de um policial fazendo de trincheira a tua estátua e atirando no morro de Mangueira me obrigou a te escrever. Só não podia imaginar que abrindo o jornal hoje (1º de julho de 2017) fosse me horrorizar ainda mais. Na mesma sagrada Mangueira – tua filha -, mãe e filha morrem abraçadas tentando se proteger do tiroteio. E mais: um menino é atingido, em Caxias, ainda na barriga da mãe. Vítima antes de ser gente. Quero levar uma braçada de rosas e colocar a teus pés na tua estátua, na tua Mangueira. E fazer uma oração. Olha pra nós, São Cartola. Olha pela tua escola, pela tua cidade, pela tua poesia. São elas armas mais potentes que os fuzis e podem fazer desendurecer o coração dos homens. Olha pra nós, São Cartola.