Via José Roberto Buitron, por Chico Bicudo –
Quando comecei a receber os números dos levantamentos internos, durante a tarde, confesso que esmoreci.
O difícil encarar a brutalidade do fascismo tão perto. As urnas, no entanto, nos deram uma chance única, a oportunidade derradeira de defenestrar a besta fera (Nordeste, que coisa linda, muito obrigado!). A primeira tarefa era garantir o segundo turno. Estamos lá. Do lado de cá, comemoração e corações aliviados, fortalecidos, enternecidos, preparados para o que está por vir.
Queria ser uma formiguinha para ver como estão no comitê do EleNão. Porque, para eles, a meta era resolver hoje. A estratégia foi essa, todinha. Saíram frustrados. O fascista agora vai precisar sair da toca, participar dos debates, discutir políticas públicas, preencher dez minutos de televisão todos os dias, manhã e noite. Ele vai berrar, ameaçar, alimentar os piores ódios, espalhar mentiras ainda mais escabrosas.
Nossa missão? Unidade na luta, nos afetos, nos abraços. Somos movidos por profundos sentimentos de amor. Quando um refugar, o outro levanta. O inimigo é comum. Não vamos sair das ruas, nenhum minuto. Reforcemos as guerrilhas digitais (com informações, não fakenews). Vamos conversar, conversar e conversar mais ainda. Evidente que a campanha vai precisar reorganizar seus rumos, pensando não apenas na disputa eleitoral, mas em nossas tarefas políticas para o dia seguinte ao 28/10.
Roupa suja, no entanto, a gente lava em casa. Acertemos por aqui nossas divergências. O Nordeste é nossa fortaleza. Busquemos de novo o olho no olho nas periferias, nas franjas das grandes cidades, nos morros do Rio de Janeiro, no Vale do Jequitinhonha. Difícil? Muito. E quando foi fácil? Será nossa Batalha de Stalingrado. Ali, ninguém perguntava quem era do Stálin, quem era do Lênin, quem era do Trotsky, quem era do Kamenev, quem era do Zinoviev. Eram todos heróicos lutadores contra o nazismo. Venceram. Mudaram o rumo da História. Serão as três semanas mais importantes da nossa história recente. Não é exagero. Desde já, vamos construir pontes.
Que venham – e que sejam recebidos de braços abertos, generosamente, como valorosas soldadas e soldados, com todas as novas e plurais contribuições – os eleitores e eleitoras de Ciro, de Boulos, de Marina, os não bárbaros do PSDB (sim, eles existem e, numa eleição tão acirrada, podem ajudar a fazer a diferença), os emedebistas do Requião, os independentes, todos os e as democratas que não aceitam um Brasil de ódios e de armas. Civilização ou barbárie. Que tenhamos serenidade e responsabilidade política, maturidade histórica para erguer uma ampla frente democrática para derrotar o fascismo. É o meu convite. É o que consigo escrever por hoje. Amanhã tem mais. Vamos juntos. Abraços e beijos. Chico Bicudo, um sonhador.