Publicado em Brasil 247 –
O lobista Adir Assad, preso na Operação Lava Jato, fechou um acordo de delação premiada que pode implodir de vez o PSDB; Assad disse ter entregue R$ 100 milhões a Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e tido como operador de propinas do PSDB durante a gestão de José Serra; Paulo Preto também cogita fechar um acordo de delação premiada, com potencial para derrubar outros nomes do PSDB, como o chanceler recém-nomeado Aloysio Nunes; Serra disse que não irá se pronunciar sobre a megapropina na sua gestão
Preso desde agosto do ano passado em Curitiba pela Operação Lava Jato, o operador financeiro Adir Assad propôs um acordo de delação premiada no qual diz ter repassado cerca de R$ 100 milhões para Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), entre 2007 e 2010, época em que o estado de São Paulo era governado por José Serra (PSDB).
Paulo Preto atuou nas obras do Rodoanel nas gestões de Geraldo Alckmin e Serra, e também foi citado por empreiteiros como coletor de propinas. De acordo com o lobista, o ex-diretor da Dersa centralizava os repasses das empreiteiras responsáveis por obras na estatal do governo paulista.
Assad é apontado como o maior emissor de notas frias para lavagem de dinheiro de empreiteiras suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás. Ele confessou ter usado suas empresas de fachada para lavar recursos de empresas em obras na região metropolitana de São Paulo, como o Rodoanel, a Nova Marginal Tietê, e o Complexo Jacu-Pêssego.
Segundo o operador, nos contratos com Dersa, as empreiteiras subcontratavam suas empresas, o valor das notas frias era transformado em dinheiro e as companhias indicavam quem seriam os beneficiários dos recursos. Entre 2007 e 2012, foi movimentada uma cifra em torno de R$ 1,3 bilhão em contratos fictícios assinados com empreiteiras.
Além de prometer revelar detalhes do esquema na Dersa, Assad propôs mapear o funcionamento do sistema financeiro paralelo das empreiteiras responsável por abastecer as contas de suas empresas, de acordo com informações divulgadas pelo Estadão. Ele também deve falar sobre como as firmas movimentavam bilhões em bancos sem prestar serviços e sem ter funcionários.
O criminalista Miguel Pereira Neto, que defende Adir Assad, afirmou que “não é de conhecimento da defesa técnica a existência da colaboração premiada”. O defensor negou ter sido firmado algum acordo de delação.
O senador José Serra (PSDB-SP) não quis se pronunciar.
Em nota, a Dersa afirmou que, “em todos os empreendimentos mencionados pela reportagem, firmou contratos de obras apenas com os consórcios executores que venceram as respectivas licitações” e não com as empresas de Assad. De acordo com a estatal, foi criado em 2011 um departamento de Auditoria Interna e implantado um Código de Conduta Ética, “aprimorando a análise e a fiscalização dos contratos dos empreendimentos de modo permanente e organizado”. “A Companhia não compactua com irregularidades e se mantém pronta para colaborar com as autoridades no avanço das investigações”.
Por meio de sua assessoria, a Andrade Gutierrez, em nome do consórcio SVM, disse que não iria se manifestar.