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Economista Solange Vieira, chefe da Superintendência de Seguros Privados do Ministério da Economia disse o segunte: “É bom que as mortes se concentrem entre os idosos”
A agência ‘Reuters’ publicou, nesta terça-feira (26), ampla reportagem sobre como a catástrofe administrativa desencadeada pelo governo Bolsonaro empurrou o Brasil para a maior crise humanitária de sua história. O extraordinário retrato de um governo irresponsável e negligente, capturado com precisão pelos repórteres Stephen Eisenhammer e Gabriel Stargardter, também permite um vislumbre da faceta mais desumana da administração de Bolsonaro: o descaso com a vida.
A reportagem da ‘Reuters’ ouviu mais de duas dúzias de fontes – de dentro e de fora do governo – para produzir um extenso material que revela as entranhas de um governo de caráter perversamente aterrorizante. Ao ser informada, em março, durante reunião com técnicos do Ministério da Saúde, de que a pandemia causaria muitas fatalidades entre os idosos do país se não fosse contida, uma colaboradora do ministro da Economia, Solange Vieira, expôs a estratégia de abandono da população à própria sorte: “é bom que as mortes se concentrem entre os idosos”, opinou Vieira, uma das articuladoras, em 2019, da reforma da Previdência projetada por Guedes. ”Isso melhorará nosso desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit de pensão”.
O relato da conversa, ocorrida em meados de março, foi feito pelo epidemiologista Julio Croda, à época chefe do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis (DEIDT) do Ministério da Saúde. O relato de Croda foi confirmado por outro funcionário do ministério, que preferiu manter o anonimato na reportagem. Solange Vieira foi nomeada por Paulo Guedes chefe da Superintendência de Seguros Privados (Susep) no mesmo mês.
De acordo com a nota apresentada pela ‘Reuters’, Vieira observou os impactos de vários cenários descritos “sempre com foco na preservação de vidas”, diz o comunicado da Superintendência enviado à agência.
A suposta “estratégia” defendida pela chefe da Susep, um crime contra a humanidade e um atentado aos direitos humanos, infelizmente encontra ecos na realidade. De acordo com dados do Ministério da Saúde, pessoas com mais de 60 anos correspondem a 69% das mortes por Covid-19, descontadas as subnotificações. Ou seja, pela fragilidade de saúde diante da à ferocidade da doença, os que integram essa faixa etária necessitam mais do que nunca da proteção do Estado brasileiro.
O país tem mais hoje mais de 20 milhões de pessoas com mais de 65 anos, cerca de 10% da população. Se 70% da população contrair a doença, dentro da tese da “imunidade de rebanho” defendida por Bolsonaro, o Brasil assistirá a um verdadeiro extermínio de seus idosos.
Da Redação, com informações da Reuters