Assessoria de Simone Tebet é bloqueada ao tentar alterar Wikipédia

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  • Plataforma bloqueou edição do perfil da senadora sobre questão indígena e direitos humanos e inclusão de conteúdo sobre outras atuações

Por Tácio Lorran, compartilhado de Metrópoles

Simone TebetHugo Barreto/Metrópoles




Uma assessora da senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República em 2022, foi bloqueada no Wikipédia após tentar editar verbetes da página da parlamentar na plataforma em temas considerados polêmicos envolvendo direitos humanos e indígenas. O motivo da expulsão? Conflito de interesse.

A responsável tentou excluir do Wikipédia, no mês passado, que um projeto defendido por Simone Tebet no Senado trata da suspensão das demarcações de terras indígenas e prevê o pagamento de indenizações para fazendeiros.

Além disso, a funcionária omitiu a informação de que Eduardo Rocha é marido da parlamentar. Atual secretário de governo de Reinaldo Azambuja (PSDB), governador de Mato Grosso do Sul, Rocha foi um dos nomes atuantes em comissão parlamentar de inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do estado, para investigar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), instituição ligada à Igreja Católica considerada uma das maiores defensoras dos povos indígenas no Brasil.

Essas informações têm como base reportagens de sites considerados confiáveis pela plataforma.

A Wikipédia é a maior enciclopédia on-line colaborativa do mundo. Somente em maio deste ano, a página de Simone Tebet na plataforma foi visualizada mais de 50 mil vezes, segundo dados obtidos pelo Metrópoles.

Em adendo às mudanças, a assessora afirmou, no texto, que a parlamentar “propôs projeto para tentar reduzir os conflitos no campo, com o objetivo pacificar o problema histórico devido à presença de não índios em terras indígenas”.

“Ela ressaltou a difícil situação dos dois lados. Os proprietários rurais de boa-fé, detentores de títulos dominiais, sentiam-se lesados pelo Estado, que subtraiu a validade legal de tais títulos expedidos como garantia de sua ocupação, ao realizar a demarcação de terras indígenas. De outro lado, os índios tinham o direito de ocupar a terra, conferido pela Constituição”, escreveu a assessora.

“Os dois grupos eram vitimados pelo longo processo histórico, com tensão constante no campo e situações de violência extrema. Para buscar solução nestas áreas conflagradas, a senadora sugeriu que a União, ao invés de indenizar por precatórios estes produtores rurais de boa-fé, pagasse tal montante calculado sobre o valor da terra nua e das benfeitorias”, completou.

O texto, no entanto, também havia um outro lado. “A proposta foi objeto de críticas por parte de entidades em defesa de direitos humanos, que apontam supostos conflitos de interesses. A senadora é proprietária da Fazenda Santo Antônio da Matinha, em Caarapó (MS), avaliada em R$ 457 mil, segundo prestação de contas à Justiça Eleitoral. Posteriormente, a senadora retirou o projeto de tramitação, que foi ao arquivo”, dizia.

As edições foram confirmadas pela assessoria de Simone Tebet em nota ao Metrópoles.

“A assessoria da senadora tenta, desde 2021, atualizar o perfil e corrigir informações equivocadas registradas na Wikipédia, algumas das quais fundamentadas em veículos de imprensa cujas matérias, essas sim, apresentam teor enviesado e negativamente tendencioso. Nada além de repor a verdade dos fatos, facilmente verificados nos documentos oficiais do Senado Federal”, alegou.

“A senadora enviará protesto formal à plataforma para que corrija essa injustiça – que, especialmente neste momento, pode ser usada com objetivos eleitorais e de disseminação de desinformação e fake news”, acrescentou.

A assessoria alega que tal projeto não é um dos principais da senadora, “uma vez que a própria parlamentar pediu para arquivar o texto em 2018”. “A atualização do perfil foi bloqueada porque a plataforma considera que há conflito de interesse qualquer tentativa de inclusão de conteúdo por parte da assessoria da senadora, inclusive sobre outras ações, como a participação dela na CPI da Covid ou na liderança da bancada feminina, por exemplo. Informações que não estão presentes no perfil da Wikipédia, apesar das inúmeras referências publicadas na grande mídia sobre estes e outros assunto”, completa.

Moderadores do Wikipédia bloquearam a assessora da plataforma por considerarem que há conflito de interesse na edição do texto. Hoje, qualquer pessoa pode alterar conteúdo das páginas, mas é preciso seguir as regras.

Após ela mudar verbetes na enciclopédia, editores retomaram o conteúdo original na página da senadora.

Com a chegada das eleições, moderadores têm identificado uma série de assessores que tentam manipular verbetes e “limpar” a imagem de determinados candidatos, relata Rodrigo Padula, um dos administradores do site.

Caso Weintraub

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub usou a estrutura do Ministério da Educação (MEC) para alterar verbetes na página dele no Wikipédia.

Como revelou o jornal Folha de S. Paulo, Weintraub pediu, em 2019, que a biografia dele fosse apagada na plataforma. O ex-ministro ainda usou a assessoria da pasta federal para editar informações classificadas por ele como “equivocadas”.

A página de Weintraub na plataforma diz que, logo após ele assumir o cargo no MEC, “foi anunciado um ‘corte’ (termo usado pela mídia brasileira) de 30% em recursos destinados às despesas discricionárias de algumas universidades federais”.

A biografia traz também menções a frases e situações polêmicas de Weintraub, com assuntos relacionados a drogas nas universidades, erros gramaticais, histórico escolar e ofensas.

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