Assucena nasceu para ser uma estrela, por Aquiles Rique Reis

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A partir da audição, fica claro que como cantora interpretará qualquer gênero musical com a maestria de uma mulher parida para brilhar.

Por Aquiles Rique Reis, compartilhado de Jornal GGN




Hoje é dia de galantear Lusco-fusco (distribuição digital pela Altafonte Brasil), o primeiro e seminal disco da cantora e compositora Assucena.

            Meses atrás, após assisti-la no Blue Note paulistano, no show em que ela homenageava Gal Costa, eu disse algo mais ou menos assim ao produtor Fred Rossi e ao coreógrafo e um dos fundadores do Dzi Croquetes, Ciro Barcelos, ele quem primeiro me falara dela: “Meu Deus, expondo assim a sinceridade de uma grande artista, Assucena fará de si o que quiser ser!” Desde então, sigo atento à trajetória dessa fera indomável.

            Mas vamos de Lusco-fusco! O álbum tem produção musical de Pupillo e Rafael Acerbi e direção artística da própria Assucena, ao lado da cantora Céu. Trabalho autoral no qual, em dez composições, Assucena desvenda extraordinária maturidade.

            A partir da audição, fica claro que como cantora interpretará qualquer gênero musical com a maestria de uma mulher parida para brilhar. Sua potência vocal é indubitável, só que, revolucionária, nos vem aos ouvidos docemente, quase pedindo licença para nos inebriar e por de joelhos perante sua jovialidade – Assucena nasceu para ser uma estrela.

            A produção musical de Pupillo e Rafael Acerbi traz fértil inovação à concepção dos arranjos. Seja com instrumentos tradicionais de sopros, percussão ou cordas, até efeitos e recursos tirados de teclados e sintetizadores, tudo caminha para uma constatação: Lusco-fusco chega ao mercado fonográfico apostando em um novo jeito de gravar – é ouvir pra crer.

            “Meeira”*, uma linda vinheta cantada à capela, interliga-se a arranjos com percussão e cavaquinho de Pretinho da Serrinha (“Menino Pele Cor de Jambo”), aos teclados e sintetizadores de Hervé Salters (“Nu”), ao piano de Rafael Montorfano, conhecido como Chicão (“Quase da Cor dos Seus Olhos”** e “Reluzente”), e ao acordeom de Lulinha Alencar (“Enluarada”). Céu está em “Menino Pele Cor de Jambo”, “Nu”, “A Última Quem Sabe” e “Manhoso Demais”. E dentre as suas dez composições autorais, Assucena divide a parceria de uma delas, “Ad Eternum”***, com o cantor pernambucano Paulo Netto.

            Assucena transpassa o samba e o roquenrrol, transmuta o blues e o baião, o pop, o funk e o arrocha. Transgredindo o usual, transforma fel em amor, medo em esperança e a vida em cor. Com perspicácia contemporânea e afetuosa, a música de Assucena não transige com a mesmice, transpõe muros e se abre em compassos múltiplos. E assim, transpassando as linhas limítrofes da caretice, transcende o ordinário e transfaz sua vida em música. E canta! Ó meu Deus, e como canta a Assucena… Assucena é um renascimento.

Aquiles Rique Reis

https://open.spotify.com/intl-pt/track/1oBY4VsZkaxfqLHZpeWexo?si=e3c9f4e4a5534193

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