Militares israelitas atacaram novamente nesta quarta-feira (1) o campo de refugiados de Jabalia, localizado no norte da Faixa de Gaza
Por Renato Santana, compartilhado de Jornal GGN
Na foto: Palestinos vagam entre escombros de edifícios que foram alvo de ataques aéreos israelenses no campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, na quarta-feira, 1º de novembro [Abed Khaled/AP Photo]
Os militares israelitas atacaram novamente nesta quarta-feira (1) o campo de refugiados de Jabalia, localizado no norte da Faixa de Gaza. Conforme a Al Jazeera, o local foi atacado por caças e sofreu bombardeios. Existe o risco de centenas de pessoas estarem sob os escombros.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) confirmaram o ataque aéreo contra o campo de refugiados de Jabalia e anunciaram que Ibrahim Biari, comandante do Batalhão Central de Jabalia do Hamas, foi morto lá.
O ataque causou o colapso de vários edifícios e, segundo estimativas, custou a vida de 50 a 100 pessoas, deixando várias centenas de feridos. Este ataque voltou a jogar pressão sobre Israel e seus alvos civis, como o que atingiu o Hospital Batista Al-Ahly Arab, localizado no centro da cidade de Gaza – o governo israelense negou que tenha feito o bombardeio.
Apesar da condenação internacional dos massacres contra os palestinos na Faixa de Gaza, as IDF continuam a atacar alvos civis no enclave, argumentando que estes bombardeios visam eliminar os comandantes do Hamas e as “células terroristas”.
Ocorre que Israel se habituou a bombardear civis, caso do ataque que atingiu um comboio de civis que fugia do norte de Gaza, em uma rota indicada por Israel, no último dia 13 de outubro. O bombardeio deixou 70 mortos, entre eles, crianças e mulheres. A esse seguiram outros (leia mais abaixo).
Para o governo de Israel, a morte de civis no campo de Jabalia é uma “tragédia de guerra” que se justifica porque “o Hamas está se escondendo atrás de civis”. A justificativa de autodefesa é utilizada por Israel para massacrar civis há muitas décadas.
Massacre de Sabra e Shatila
O Massacre de Sabra e Shatila foi um evento trágico que ocorreu em setembro de 1982, durante a Guerra do Líbano. Os campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, localizados nos subúrbios de Beirute, Líbano, foram palco de um massacre em grande escala.
O massacre foi perpetrado por milícias cristãs libanesas enquanto as IDF controlavam a área circundante.
Os eventos que levaram ao massacre começaram em 1982, quando as forças israelenses invadiram o Líbano em resposta a ameaças representadas pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Durante a ocupação israelense de Beirute, as milícias cristãs aliadas a Israel entraram nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila. O massacre ocorreu durante um período de três dias, de 16 a 18 de setembro de 1982.
Milhares de civis palestinos e libaneses foram mortos, e as estimativas do número de vítimas variam amplamente, mas podem ter chegado a várias centenas. As atrocidades incluíram assassinatos em massa, estupros e outros abusos.
Ariel Sharon responsabilizado
A tragédia chocou o mundo e levou a pedidos de investigação e responsabilização, o que resultou em intensa condenação internacional e levou a pressões para que uma comissão de inquérito fosse estabelecida para determinar a responsabilidade.
A comissão concluiu que Israel levava uma “responsabilidade indireta” pelo massacre, pois suas forças controlavam a área e permitiram a entrada das milícias, embora não tenham sido diretamente responsáveis pelos assassinatos.
O então Ministro da Defesa de Israel, Ariel Sharon, foi considerado responsável politicamente e demitido de seu cargo, embora não tenha enfrentado acusações criminais.
O massacre de Sabra e Shatila permanece um evento doloroso e controverso na história do conflito israelense-palestino e do Líbano, mas não foi o suficiente para uma resolução pacífica e justa ao conflito e a proteção dos direitos humanos de todas as partes envolvidas.
Ataques recorrentes a refugiados
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado no último dia 18 mostrou que, pelo menos, 24 instalações de Assistência aos Refugiados Palestinos já foram atingidas desde o início do conflito entre Israel e Hamas. Os ataques vitimaram 14 funcionários em Gaza.
No último dia 17 de outubro, uma escola no campo de refugiados palestinos de Al-Maghazi, na parte central de Gaza, foi atingida por uma bomba, resultando na morte de seis pessoas. A unidade de ensino abrigava quatro mil pessoas.
“Isso é ultrajante e novamente mostra um desrespeito flagrante pelas vidas de civis. Agora, nenhum local é seguro em Gaza, nem mesmo as instalações da de Assistência aos Refugiados”, declarou o porta-voz da agência Philippe Lazarini em comunicado divulgado após o ataque.