Intelectuais denunciam “crime” e prometem adotar providências para resgatar memória de escritor alagoano
Compartilhado de 082 Notícias
Na foto: Fachada da Casa Museu Graciliano Ramos | Conhecendo Museus
Já se passaram quatro anos e a Casa Museu Graciliano Ramos, localizada na cidade de Palmeira dos Índios-AL, continua fechada, sem maiores explicações da gestão municipal. Segundo denúncia do jornalista, escritor e bacharel em Direito Geovan Bejoino (veja vídeo no final da matéria), não há perspectivas de reabertura do espaço, cuja restauração está orçada em R$ 500 mil.
Graciliano Ramos de Oliveira (Quebrangulo, 27 de outubro de 1892 – Rio de Janeiro, 20 de março de 1953) foi um dos mais reconhecidos romancistas brasileiros do século 20, autor do clássico “Vidas Secas”. Ex-prefeito de Palmeira dos Índios, que chamava atenção pelo estilo literário de seus atos administrativos, Ramos também era cronista, contista, jornalista, político e memorialista destacado.
Na casa onde morou, no município do Agreste alagoano, aberta ao público em 1973, estão guardados máquina de datilografia, bico de pena, pijama, roupas, objetos pessoais, manuscritos e originais de livros do “Mestre Graça”. Não se tem notícia do estado de conservação destes itens, o que deixa Bejoino revoltado.Casa guarda objetos e acervo do escritor | Conhecendo MuseusCasa guarda objetos e acervo do escritor | Conhecendo MuseusCasa guarda objetos e acervo do escritor | Conhecendo Museus
Segundo ele, essa questão representa um grande desafio para o Ministério Público, a Câmara de Vereadores e segmentos da sociedade organizada.
Entre as vozes indignadas com o descaso, está o escritor Ivan Barros. Ele relata que o fechamento da Casa Museu Graciliano Ramos gera frustração para turistas, estudiosos e pesquisadores que encontram as portas cerradas, além de provocar danos imateriais incalculáveis para o município.
“É um atentado à cultura, à história, à tradição da terra e gente de Palmeira dos Índios. Um atentado à literatura nacional, revoltante, que nos deixa envergonhados. É preciso tomar uma providência com urgência. Eu mesmo vou, diretamente, ao Ministério da Cultura, vou à Secretaria da Cultura em Alagoas denunciar esse descaso, esse crime”, afirmou Ivan.
O prédio do museu é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que, há cerca de dez anos, repassou um recurso à Prefeitura de Palmeira dos Índios para implantação de uma expografia, que se desgastou. Na ocasião, foram feitos investimentos no telhado, parte elétrica, som e segurança.
Segundo revelou uma fonte ao 082 Notícias, há quatro ou cinco anos, foi feita nova conservação arquitetônica, preparando a Casa para uma nova expografia. Hoje, as portas de um monumento nacional seguem fechadas, a despeito de seu valor histórico e cultural.https://www.youtube.com/embed/8w1TaLtoMos?feature=oembed