Até mesmo materiais como camisetas com slogans de paz são confiscados
Compartilhado de Brasil 247
247 – Muitos israelenses críticos ao regime de Benjamin Netanyahu vivem uma atmosfera de medo e restrição à liberdade de expressão, conforme relato de ativistas locais. Diversos cidadãos, tanto judeus quanto árabes, têm sido detidos, desligados de seus empregos e até sofrido agressões, após manifestarem sentimentos que são interpretados por algumas autoridades como sendo pró-Hamas, informa o The Guardian.
Recentemente, um episódio envolvendo dois ativistas do movimento judeu-árabe “Standing Together” exemplificou essa situação. Eles foram detidos após exibirem cartazes com a frase “Judeus e árabes, superaremos isso juntos”, considerada ofensiva pela polícia. Além dos cartazes, materiais como camisetas com slogans de paz foram confiscados.
A repressão aumentou após o ataque do Hamas em 7 de outubro, matando mais de 1.400 pessoas. Israel retaliou com ataques aéreos mortais em Gaza, matando mais de 4.700 pessoas. Desde então, demonstrações de simpatia ou compreensão à situação das crianças palestinas em Gaza e pedidos de paz tornaram-se alvo de suspeitas.
Uma das consequências dessa atmosfera foi a suspensão de Abed Samara, diretor de uma unidade de terapia intensiva cardíaca em um hospital de Petah Tikva, após 15 anos de serviço. A razão? Uma foto de perfil nas redes sociais que retrata uma pomba com um galho de oliveira e uma bandeira verde com a declaração muçulmana de fé. Mesmo tendo sido postada antes do ataque do Hamas, a imagem foi interpretada como uma manifestação de apoio ao grupo.
Este cenário de restrição é impulsionado, em grande parte, pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Desde o mencionado ataque, a polícia tem atuado com ampla autonomia para definir o que é considerado apoio ao terrorismo, sem a necessidade de consultar promotores estaduais. Para Michael Sfard, advogado de direitos humanos, isso representa uma erosão significativa na proteção legal da liberdade de expressão.
O chefe da polícia de Israel, Yaakov Shabtai, foi enfático ao dizer: “Qualquer um que queira se identificar com Gaza é bem-vindo. Colocarei eles em ônibus que estão indo para lá agora e ajudarei a chegar lá.”
A repressão também chegou ao meio acadêmico. Conforme instruções do procurador-geral, universidades e faculdades estão sendo orientadas a relatar à polícia casos de estudantes que manifestam “apoio ao terrorismo”. O resultado disso é uma série de convocações e suspensões. De acordo com o grupo de direitos legais Adalah, cerca de 50 estudantes palestinos foram recentemente chamados para responder em comitês disciplinares sobre suas postagens em redes sociais, com alguns sendo suspensos de seus cursos.