Ato contra mortes na Operação Escudo é realizado em Guarujá

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“Parem de nos Matar. Ser pobre não é crime”. Essas foram as duas frases que deram o ‘pontapé inicial’ do ato de repúdio virtual e que, hoje (2) à tarde, de forma presencial, tomou conta da Praça 14 Bis, em Vicente de Carvalho, distrito de Guarujá, contra as mortes na Operação Escudo na Baixada Santista, deflagrada após na última quinta-feira (28), após a o soldado Patrick Reis, da Rota, ser baleado e morto. Dois suspeitos já estão presos.

Por Carlos Ratton, compartilhado do Diário do Litoral




Na foto: Várias faixas foram colocadas no chão por lideranças do movimento que contou com a participação de cerca de 250 pessoas na Praça 14 Bis / Carlos Ratton/ DL

Entre 150 e 250 pessoas – de movimentos sociais, entidades de bairros, unidades classistas, partidos políticos, sindicatos e demais lideranças – participaram do ato com carro de som e faixas com frases contra o Governo Estadual.

A Operação Escudo, para especialistas, pode ser caracterizado como chacina. Embora não tenha definição legal, o termo é usado para designar casos em que há homicídios múltiplos, geralmente com três ou mais vítimas.

A fundadora do movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, que recentemente recebeu o título de Cidadã Paulistana, na Câmara de São Paulo, antes de abrir os microfones da manifestação, disse que “é preciso parar a metralhadora extermínio da população pobre e negra do Governo, importada do Rio de Janeiro. Não se combate crime com tortura, morte e violando direitos. A inteligência é necessária. Não se pode agir por vingança”, afirma a ativista de direitos humanos e principal líder do movimento, criado após os crimes de maio de 2006, quando centenas de pessoas foram mortas pela polícia.

A coordenadora do Núcleo da Baixada Santista da Associação de Juristas pela Democracia, Paula Ravanelli, disse que é preciso “cessar a operação a atitude de vingança da Polícia Militar, que não encontra respaldo na legislação brasileira”.

A vereadora santista Débora Camilo (PSOL) disse que não se pode taxar como bem sucedida uma operação que já possui 16 mortes. “Lamento a morte dos policiais, mas não podemos aprovar o revide que não quer prender os culpados, mas promover vingança. A população pobre e periférica não pode sofrer violência e ser criminalizada como vem ocorrendo”.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), presente no ato, disse que esteve nas comunidades junto com outros parlamentares e com o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Cláudio Silva. “Ouvimos depoimentos de familiares no Sítio Conceiçãozinha dando conta de ações truculentas, invasões a residências e morte. As informações são assustadoras e policiais estavam sem câmeras nas fardas. O governador (Tarcísio de Freitas) e o secretário de Segurança Pública (Guilherme Muraro Derrite) deveriam visitar as comunidades para obter o depoimento de famílias apavoradas”.

A pesquisadora e professora da Escola de Governo da Universidade Harvard (EUA), Yanilda Gonzales, observou que a polícia paulista possui características autoritárias. “Está agindo contra os direitos de parte da população, fora dos limites da lei e sem controle civil. É a polícia sendo usada sistematicamente contra os pobres”.

DEFENSORIA.

Membro da Defensoria Pública de São Paulo esteve no ato e está colhendo relatos de vítimas e testemunhas de violência policial decorrente da operação. O defensor Alberto Gonçalves de Souza disse que o atendimento será prestado enquanto perdurar a operação, sem agendamento e avaliação financeira, em razão da gravidade da situação.

“O sigilo será preservado. As pessoas podem nos procurar de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas, na Unidade Guarujá da Defensoria, na Avenida Ademar de Barros, 1327 – Jardim Helena Maria”. O email é unidade.guaruja@defensoria.sp.def.br). Na Capital, pelo Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos (NCDH) – nucleo.dh@defensoria.sp.def.br.

Em Santos, a vereadora e ex-prefeita Telma de Souza (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, apresentou um requerimento para que a Casa questione Derrite sobre os procedimentos adotados na Operação, especialmente os que se desenrolaram em Santos, e solicitando a apuração sobre as mortes, bem como detalhes dos ataques às forças policiais na região. Par ela, ao Estado não cabe o papel de revanchismo e de retaliação”.

O Governador Tarcísio de Freitas defende a atuação das forças policiais, que pode se estender ainda por 60 dias. Para ele, informações que vem sendo divulgados gera “narrativa de que há excesso (policial)”.

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