Publicado no Portal da CUT/RS –
Um grande Ato em Defesa da Democracia, da Liberdade de Expressão e em Solidariedade ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) reuniu, na tarde desta segunda-feira (21), dezenas de dirigentes de entidades sindicais, representantes de movimentos sociais, parlamentares e comunicadores no Plenarinho da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. O evento contou com a presença da coordenadora nacional do FNDC, jornalista Renata Mielli.
Organizado pelo Comitê Gaúcho do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), um dos objetivos do ato foi denunciar o papel da mídia no golpe de 2016 e prestar apoio ao Sindicato, cujo presidente Milton Simas Júnior foi alvo de ataques nos veículos do monopólio de comunicação no Estado e nas redes sociais, por ocasião de sua visita no dia 28 de abril ao Acampamento Marisa Letícia, na Vigília Lula Livre, em Curitiba.
Todos os integrantes da mesa – a coordenadora nacional do FNDC, o diretor da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schröder, o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, a vice-presidente da CTB-RS, Silvana Conti, a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos (Sindsepe-RS), Cláudio Augustin, e os deputados estaduais Adão Villaverde e Jeferson Fernandes, ambos do PT – foram unânimes em destacar que os ataques sofridos pelo Milton Simas, no episódio no Acampamento, nada mais foram do que violências cometidas contra os sindicalistas, os trabalhadores e aqueles que estão nas ruas e na luta contra o golpe parlamentar, jurídico e midiático, que derrubou a presidenta Dilma em 2016.
“Os ataques ao Simas foram uma tentativa da mídia hegemônica de liquidar uma organização de trabalhadores e a luta do Sindicato dos Jornalistas”, destacou a jornalista Renata Mielli.
A coordenadora nacional do FNDC manifestou tristeza pela necessidade de realização de atos em defesa da democracia e liberdade de expressão, principalmente porque nem todos têm a dimensão do golpe midiático, jurídico e parlamentar em curso no País. “Um golpe que retira direitos dos trabalhadores, rouba seus benefícios sociais e retira do poder um projeto político de uma Nação mais desenvolvida, mais soberana e com justiça social, para implantar um projeto que foi vencido nas urnas”, disse.
Logo, para este golpe se consolidar, prosseguiu Renata Mielli, é preciso calar as vozes dissonantes e retirar os direitos dos trabalhadores. “Mais do que nunca, a liberdade de expressão está no cerne desta questão”, frisou.
Longos aplausos para o presidente do Sindicato
Milton Simas afirmou que a democratização da comunicação passa por um dos primeiros aprendizados do jornalismo: ouvir o outro lado, dar voz ao contraditório. “O que ocorreu comigo em Curitiba foi exatamente o contrário. Vivi a intolerância das redes sociais, com ataques de todos os tipos e com o tratamento que é dispensado pela mídia golpista aos movimentos sociais – a criminalização e a desconstituição”, relatou o presidente do SINDJORS.
Ele lembrou que a imprensa gaúcha, ágil em julgar, avaliar, condenar e destruir, em nenhum momento lhe ouviu para uma apuração ética e precisa dos fatos.
“Mesmo com a tentativa de impor a este presidente do Sindicato a marca de censor ou cerceador da liberdade de expressão, tenho orgulho de ser jornalista e sei o caminho que estou trilhando”, alertou Simas. Ele disse que este caminho passa pela defesa da democracia, da liberdade de expressão, do livre exercício da profissão, do restabelecimento da obrigatoriedade do diploma e da defesa da comunicação pública.
Aplaudido de pé ao final de sua fala contundente, Simas assegurou que “o Sindicato quer uma imprensa comprometida em defender a democracia contra o totalitarismo e a barbárie que espreitam o avanço do retrocesso que se consolida, cada vez mais, no estado de exceção em que vivemos”.
Apoio irrestrito da Fenaj
O diretor da Fenaj, disse que a entidade reafirma a sua preocupação com a liberdade de expressão e com a democratização da comunicação. “Não é possível democratizar um país sem que seja feita a democratização da comunicação e, por isso, reforçamos nosso compromisso com este tema”. Segundo Celso Schröder, a Federação manifesta seu apoio irrestrito ao presidente Simas, independente da propriedade ou impropriedade da sua atuação no episódio, porque considera um absurdo atribuir ao jornalista um comportamento de censor da liberdade de expressão.
O presidente da CUT/RS identificou no caso de Curitiba uma agressão da mídia tradicional a todos os sindicalistas. “Sabemos a quem esta mídia serve e, para azar dela, estamos construindo formas de comunicação alternativas e eficazes”, adiantou Claudir Nespolo.
Já a vice-presidenta da CTB-RS alertou que o processo de criminalização dos movimentos sociais e sindicais ocorre a todo instante. “Vamos continuar dizendo #LulaLivre, porque quando prendem um grande líder sem provas significa que todos e todas que estamos no enfrentamento corremos perigo”, destacou Silvana Conti.
Para Villaverde, ato de Curitiba foi fascista
Para a presidenta do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, o ataque ao jornalista Milton Simas só ocorreu porque ele tem representatividade e uma luta reconhecida frente à entidade. “A solidariedade é fundamental porque os nossos direitos enquanto trabalhadores e trabalhadoras sofrem ataques diários e a grande mídia busca desqualificar a nossa história”, disse.
O presidente do Sindsepe-RS endossou que o ataque ao Simas não teve como alvo uma pessoa ou um sindicato. “É mais um ataque diário aos trabalhadores que lutam para reaver os direitos perdidos desde que ocorreu o golpe e vivemos em um Estado de exceção”, frisou Cláudio Augustin.
O deputado Adão Villaverde, que ao falar sobre “Tempos de obsessões obscurantistas e histerias conservadoras”, na semana passada no Grande Expediente da Assembleia Legislativa, defendeu que é preciso reafirmar a democracia, a soberania e o combate às desigualdades. Ele disse que o que ocorreu com Simas em Curitiba é uma prática fascista. “Atribui-se ao interlocutor uma posição que ele não tem para que depois ele fique o tempo todo se justificando”, denunciou.
Villaverde disse que vivemos tempos de obsessões obscurantistas que produzem monstros que ameaçam voltar-se contra seus próprios criadores. Ele se referiu ao editorial deste domingo (20) do jornal O Estado de S. Paulo intitulado “Mobilização pela Democracia”, que definiu como “Manifesto do Cinismo” da publicação das elites neoliberais, que promoveram o golpe e o ataque aos direitos sociais e as conquistas dos trabalhadores.
“Este ato é imprescindível para não deixarmos que se apropriem do jeito que fizeram com a política, com a desculpa do combate à corrupção desde Getúlio Vargas e Jango Goulart, até mesmo, agora, com a liberdade de expressão”, assegurou Villaverde.
O deputado Jeferson Fernandes reiterou que o presidente do Sindicato foi alvo de ataques “porque é de esquerda”, tem posicionamento e tem lado. “Quem tiver qualquer bandeira levantada está sujeito a ser criminalizado”, alertou o parlamentar, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.
Manifesto
Durante o ato, os participantes assinaram um manifesto, onde foi lido pelo secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, que presidiu a mesa do ato e é um dos coordenadores do Comitê Gaúcho do FNDC, ao lado do Sindicato dos Jornalistas e do Sindsepe-RS.
Leia a íntegra do texto!
MANIFESTO PELA DEMOCRACIA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Nós, abaixo assinados, firmamos o presente manifesto para defender a democracia e a liberdade de expressão, denunciar o papel da mídia no golpe de 2016 e prestar solidariedade ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS), cujo presidente Milton Simas Júnior foi vítima de ataques descabidos e distorções dos fatos pelos veículos do monopólio de comunicação no Estado e nas redes sociais, por ocasião da sua visita no mês de abril, ao Acampamento Marisa Letícia, na Vigília Lula Livre, em Curitiba.
O vídeo gravado pela RIC Paraná, afiliada do Grupo Record, divulgado com intensidade na internet, comprova a intenção de Simas de orientar um colega de profissão, de forma que pudesse fazer a cobertura com maior segurança no dia em que havia ocorrido o atentado a tiros ao acampamento, provocando ferimentos em duas pessoas.
Não aceitamos o tratamento da mídia golpista, que tenta desconstituir 76 anos de lutas históricas de uma entidade. Seus dirigentes sempre defenderam a liberdade, a democracia, a democratização da mídia, por uma comunicação ética, plural, com respeito e diversidade de opiniões.
Exigimos respeito e dignidade ao SINDJORS, seus dirigentes e associados, pois, juntamente com as demais entidades sindicais e os movimentos sociais, está ao lado dos trabalhadores, na defesa dos direitos conquistados, pela democracia, pela liberdade de expressão e por um mundo mais justo, igualitário, sem ódios e qualquer forma de preconceito, intolerância e discriminação.
Fonte: CUT-RS com Sindicato dos Jornalistas do RS