Por Kaique Dalapola, Ponte \ Carta Capital –
Manifestação começou em frente ao fast-food na Vila Nova Cachoeirinha e terminou na unidade da Ermano Marchetti
Movimentos ligados a direitos humanos, familiares e amigos do menino João Victor Souza de Carvalho, 13 anos, se reuniram neste sábado (04/03), para pedir justiça pela morte do jovem que foi perseguido e arrastado pelo gerente e supervisor do Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, no início da noite do dia 26 de fevereiro.
A manifestação começou por volta das 14h em frente à unidade do fast-food onde o jovem morreu, na esquina da avenida Itaberaba com a avenida Inajar de Souza. As faixas sentido centro das duas avenidas foram interditadas na região pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e PM (Polícia Militar). A lanchonete também fechou as portas e dispensou os funcionários, suspendendo o funcionamento.
O único objetivo da família de João Victor é que Guilherme Francisco do Santos e Alexandro José da Silva, supervisor e gerente do Habib’s, respectivamente, sejam penalizadas pela morte do menino. “Eles [Habib’s] me procuraram. Mas eu não quero conversa. Só quero justiça e que os caras que mataram meu filho sejam presos”, afirmou Marcelo Fernandes de Carvalho, 42 anos, pai do jovem.
Para Alini Cardoso, 28 anos, prima de João Victor, o ato também serviu para pressionar o Habib’s para entregar todas filmagens das câmeras de segurança à Polícia Civil.
Por volta das 19h, quando estava previsto para iniciar um novo ato pela mesma causa, cerca de 50 manifestantes, dentre eles muitas crianças que eram amigas de João Victor, começaram a caminhar pela avenida Inajar de Souza. As quatro faixas da via sentido centro foram interditadas.
“Muitas crianças aqui estão desde o começo, desde o dia do enterro. São os amigos do João Victor que pediam dinheiro com ele”, disse o pai do jovem.
Entre os manifestantes também estavam pessoas que viram o caso por meio da imprensa, mora na região, e se sensibilizou com a família. É o caso de Valtelina Alves da Silva, 64 anos, que foi ao ato por acreditar que foi “uma coisa muito errada para se fazer com uma criança”. Emocionada, ela disse que está acompanhando as manifestações que acontecem pedindo justiça por João Victor, pois lembra de seu neto que, segundo ela, foi morto a tiros.
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Os manifestantes caminharam cerca de duas horas até chegaram à avenida Ermano Marchetti, já na zona oeste da capital, para continuar a manifestação em frente a outra unidade do Habib’s.
Ao longo de todo trajeto, os manifestantes paravam para dizer o motivo de estarem fechando a principal via da região. “Nós estamos aqui em nome de João Victor, garoto de 13 anos, brutalmente assassinado de forma covarde pelo Habib’s. Continuaremos lutando até que haja justiça”, diziam os manifestantes em jograis.
A maioria das pessoas que ouvia a explicação dos manifestantes aplaudia e mostrava apoio à causa. “A gente sabe o que vê na televisão e o que o pessoal comenta. Estamos do lado da família. O menino só tava pedindo. Podia ser meu filho“, disse o frentista de um posto de combustível da avenida Inajar de Souza.
Na unidade do Habib’s da Ermano Marchetti, as palavras de ordem eram pedindo para os clientes deixarem o local, e declararem “boicote ao Habib’s“.
Às 21h, quando o grupo chegou na lanchonete, cerca de 20 mesas estavam ocupadas com clientes do fast-food. O pai, a mãe, a prima e um amigo de João Victor entraram na unidade falando o motivo da manifestação. “Tenham piedade. Vocês estão comendo o sangue do meu filho“, disse Fernanda Cássia de Souza, mãe do João Victor.
Imediatamente os clientes começaram a deixar o local. Depois de poucos minutos, as luzes do fast-food já estavam apagadas e às 21h30 os funcionários começaram a ser liberados. Normalmente a unidade funciona 24 horas por dia.
“Eu sou completamente a favor da manifestação. Se fosse meu filho, eu matava o segurança”, disse Willian Cardoso de Melo, 28 anos, enquanto aguardava as esfihas da lanchonete.
Por volta das 22h, apenas o supervisor do fast-food continuava do lado interno do estabelecimento. Ele colocou dois pedaços de madeira para fechar a loja que “nunca tinha sido fechada“, segundo ele. Com isso o ato chegou ao fim.
“A gente alcançou um pouco do objetivo que tentamos. Mas ainda não é o suficiente”, disse o rapper Eduardo DuRap, pai de um dos amigos de João Victor, que finalizou cantando rap em homenagem ao jovem.
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Outro lado
O caso está sendo investigado por policiais civis do 28° DP (Distrito Polícia), da Freguesia do Ó.
Ainda durante a manifestação, às 20h40, a Ponte Jornalismo enviou as seguintes questões para a assessoria de imprensa do Habib’s, que não respondeu até a publicação desta reportagem:
Durante o ato em nome do João Victor, hoje, a unidade do Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha fechou. Por quê?
Neste domingo (05/03), a unidade funcionará normalmente?
Quantas câmeras de segurança existem no estabelecimento?
As imagens já foram fornecidas à polícia?
Qual o posicionamento sobre o caso?
Veja mais fotos do protesto:
Fotos de Daniel Arroyo/Ponte Jornalismo