Por João Tavares, jornalista nas horas vagas e botafoguense em tempo integral, para o Bem Blogado

Em tempos de bonança, os historiadores se debruçam sobre os fatos pretéritos para tentar entender, contar e explicar a história. Em tempos ásperos é preciso escrever sobre a ‘história’ enquanto os fatos ainda estão acontecendo. É como abrir um guarda chuva em meio a um tsunami. Luís Costa Pinto faz isso com rara maestria. Abre o guarda chuva, não se molha no temporal e ainda sai calmamente assobiando ‘Aquarela do Brasil’. Com um texto magistral, que seduz pelo prazer da leitura, ele consegue narrar fatos testemunhados, apurados e analisados, se coloca como ator da cena política e jamais se porta como protagonista.

Seu mais recente livro, O PROCURADOR (Geração Editorial, 2024) poderia muito bem ser o quarto volume de ‘Trapaça’, sua trilogia do Brasil de FHC aos anos Dilma. Quem pensa que o livro é uma hagiografia do então PGR Augusto Aras irá se surpreender. O livro trata de fatos, os coloca a luz do sol e é amparado por amplo registro documental.

Sem antecipar spoiler, em pouco mais de 250 páginas são revelados bastidores da desmontagem do lavajatismo, da ação da PGR e do STF durante a pandemia e das vãs tentativas de golpes perpetradas pelo inominável.

Os historiadores? Certamente terão no futuro o material produzido por Luis Costa Pinto no presente como fonte imprescindível para explicar esse Brasil das tenebrosas transações que nunca cessam.

“Faz escuro mas eu canto”, versejou o poeta Thiago de Melo. Não importa a escuridão: Luis Costa Pinto escreve. “Porque amanhã vai chegar”, diriam os dois.

Entrevista com Luís Costa Pinto na TVT sobre o livro