Aziz Filho pelo Facebook

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Primeiro brasileiro a falar no “Fórum dos líderes de veículos de comunicação dos países dos Brics”, o jornalista Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo, surpreendeu o público ao dedicar seu pronunciamento a problemas políticos internos do Brasil. Ele citou os escândalos de corrupção, atacou a presidente Dilma Rousseff e disse que o país vive uma “tempestade perfeita”, com crises econômica e política ao mesmo tempo. O tema do encontro é “Caminhos para a criação de um espaço de informações comum aos Brics”.

O jornalista da Folha de S. Paulo justificou o movimento pelo impeachment de Dilma, acusando-a de ter mentido na campanha eleitoral. “O Brasil teve muitos conflitos, escândalos. Agora, nossa presidente não aparece na televisão porque ninguém quer ver”, afirmou, incluindo o ex-presidente Lula na análise. A popularidade da presidente não é muito alta. A de Lula, também não.”

Os demais representantes – Rússia, China, Índia e África do Sul – enfocaram temas mais globais, especialmente a produção e circulação de notícias, as novas tecnologias da informação e os conflitos internacionais. Buscaram também apresentar seus países como nações culturalmente ricas, mas apresentadas de forma negativa pelas agências de notícias ocidentais.




Segundo Canzian, o Brasil tem previsão de crescimento abaixo de 1,5%, inflação acima de 10% ao ano e a maioria dos brasileiros vivendo com menos de 600 dólares por mês. Ele disse que a situação é difícil para todas as empresas, especialmente os meios de comunicação. Todos os participantes falaram em seus idiomas, menos o brasileiro, que preferiu o inglês.

Canzian disse que a Folha de S. Paulo, apesar de ter o maior portal da América Latina, sofre os efeitos da crise econômica. Nos últimos 10 anos, segundo ele, as redaçoes reduziram seus empregados, e editoras fecharam.

A Folha, revelou Canzian, tem tiragem de 400 mil exemplares, enquanto há 20 anos vendia 1,5 milhão por dia. As vendas, afirmou, estão caindo ano a ano. “A concorrência é que nos estimula para a vida. Estamos tentando concentrar esforços e usar tecnologias inovadoras com menos pessoal”, afirmou.

O mediador do encontro, diretor-geral da agência russa de notícias Sputnik (Rossya Segodnya), Dmitry Kiselev, falando em russo, manifestou seus “sentimentos” pelos problemas financeiros da Folha e perguntou a Canzian como o veículo paulista aborda a crise brasileira ao falar para seus leitores.

Dmitry lembrou que, na Rússia, durante a última crise, a maioria dos veículos levava em conta a necessidade de estimular a esperança da população. “Alguns dizem que a situação é pior do que é, mas outros apresentam ao leitor as expectativas de sobreviver, o estímulo para se reciclar, procurar novos trabalhos, ou seja, preferem uma mensagem de otimismo.”

“A esperança um fator determinante e positivo para a saída da crise. Fazemos do jornalismo um campo de reflexão positivo. Todo país tem responsabilidade pela procura de caminhos para sair da crise”, sugeriu o russo.

Dmitry ainda afirmou que, do seu ponto de vista, o quadro pintado por Canzian sobre o Brasil não parece tão grave. “Os números que você mencionou não são muito dramáticos, nem os da inflação nem o da renda de 600 dólares. Existem países com nível muito menor de renda e com uma visão muito mais otimista”, comparou.

Ele lançou a pergunta a Canzian: “O que vocês falam para seus leitores? Eu trabalhei na Ucrânia de 2000 a 2006 e vi como a imprensa local mostrava o pais pior do que ele era. As vendas dos jornais caíram, a profissão do jornalista ficou menos respeitada, as pessoas confundiram jornalistas com políticos, com relações públicas”, concluiu.

O jornalista da Folha respondeu que a imprensa brasileira não tenta ser pessimista nem positiva, mas realista, pois “a situação é muito difícil, os números da economia são catastróficos e, se não tomamos medidas severas, será muito difícil sair da crise”. Ressaltou que a inflação é 10% ao ano, o pais é muito pobre, famílias vivem com salários abaixo de 600 dólares por mês e, com a inflação alta, a renda cai 7% ao ano.

“Temos de ser realistas, não temos de tentar dizer que as coisas vão melhor do que estão. Estamos vendo o que está acontecendo. Nosso objetivo é apresentar informação verdadeira para alertar pessoas para economizar, entender o que está acontecendo. Nosso jornal tenta mostrar a situação objetiva. É muito importante superar os problemas que temos”, repondeu o jornalista da Folha.

Ele voltou a criticar o governo brasileiro no fórum internacional: “As posições da presidente Dilma são muito fracas, todo mundo sabe que ela mentiu na campanha campanha eleitoral, mostrou o pais como não estava.”

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