Bairros de maioria negra são onde as pessoas morrem mais cedo em São Paulo

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Por Nataly Simões, compartilhado do Portal Alma Preta – 

Mapa da Desigualdade 2020 também indica que casos de discriminação racial são mais comuns em bairros centrais e ricos

Texto: Juca Guimarães | Edição: Nataly Simões | Imagem: DiCampana Foto Coletivo

A cidade de São Paulo é a mais rica do Brasil, mas ainda não conseguiu equacionar os indicadores de desigualdade social e econômica, sobretudo nos distritos onde a maior parte da população se autodeclara como negra. No geral, 35,3% dos paulistanos se consideram pretos ou pardos. É o que aponta o Mapa da Desigualdade 2020, divulgado pela Rede Nossa São Paulo nesta quinta-feira (29).




Os distritos com maior parte da população negra são Anhanguera (50,3%), Brasilândia (50,6%), Capão Redondo (53,9%), Cidade Ademar (50%), Cidade Tiradentes (56,1%), Grajaú (56,8%), Guaianases (51,5%), Iguatemi (50,9%), Itaim Paulista (54,8%), Jardim Angela (60,1%), Jardim Helena (54,7%), Jardim São Luís (51,3%), Lajeado (56,2%), Parelheiros (56,6%), Pedreira (52,4%) e Vila Curuçá (51,2%).

Segundo o estudo, os quatro distritos com a menor idade média ao morrer na capital paulista estão entre os com mais de 50% dos moradores negros: Jardim Angela (58,3 anos), Cidade Tiradentes (58,5 anos), Iguatemi (59,1 anos) e Grajaú (59,5 anos).

Nas regiões com a maior idade média ao morrer, o percentual de população negra é menor que 9%. No Jardim Paulista, a idade média ao morrer é de 81,5 anos e o percentual de negros é de 8,5%. No Alto de Pinheiros, a idade média ao morrer, em 2019, foi de 81,1 anos e tem 8,1% de população negra.

“A partir desses dados é possível atuar fortemente junto com organizações da sociedade civil para a construção de políticas públicas contra a desigualdade na cidade de São Paulo”, diz Jorge Abraão, coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo.

Abraão destaca que a desigualdade é o maior problema da capital paulista. “É a origem de uma série de problemas e se conseguirmos enfrentá-la, vamos avançar”, afirma.

Injúria racial é menor nas periferias

A nova edição do Mapa da Desigualdade também reuniu os dados sobre o coeficiente de pessoas vítimas de racismo e injúria racial para cada 10 mil habitantes por bairro. A média da cidade ficou em dois casos para cada 10 mil por bairro.

Na Barra Funda foram 20,1 casos em 2019.  Na Sé, 24,2 casos. O Brás teve 13,5 casos e na República foram 12,7 casos. Nas periferias, por outro lado, o registro de casos de racismo e injúria racial ficaram abaixo da média. Lajeado (1,2), Anhanguera (0,4), Parelheiros (0,4), Itaim Paulista (1,3) e Jardim Angela (0,6).

Transporte e habitação

No Jardim Angela, na zona sul, distrito com o maior percentual de população negra, o tempo médio da viagem para o trabalho pelo transporte público é de 83,7 minutos com 2,4 transferências. A média na cidade é de 56,2 minutos de viagem e 1,9 transferência de modalidade de transporte público. Também no Jardim Angela, 61,5% das famílias não têm carro. A média da cidade para este indicador é de 45,5%.

Os distritos com mais negros também têm a maior concentração de famílias morando em favelas, de acordo com o estudo. No Jardim São Luis, 69,5% da população vive em favelas; Jardim Angela (53,9%); e Vila Andrade (34,7%).

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