Compartilhado do Site Rio de Boas Notícias –
Graças às aulas online na pandemia, projeto ViDançar viu a oportunidade de levar suas oficinas de balé a crianças de todo o Brasil. Inscrições até o dia 30.
Luís Fernando Rego é bailarino do Bolshoi, uma das mais renomadas companhias de balé do mundo. Ele descobriu a dança no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, em oficinas gratuitas oferecidas pelo projeto social ViDançar. Como morava perto da escola, teve a chance de participar. Agora o projeto vai quebrar a barreira da distância e levar a meninos e meninas de comunidades carentes de todo o Brasil a mesma oportunidade que teve Luís Fernando: aulas de balé clássico, do básico ao avançado.
As inscrições estão abertas até o dia 30 de outubro e podem ser feitas pelo e-mail projetovidancar@gmail.com. Para se candidatar, basta ter entre 6 e 23 anos, estar matriculado na rede pública de ensino, ter acesso à internet e a autorização de responsáveis. “Faremos audições online com todos os inscritos para formar as turmas. O único critério será a desenvoltura, não importa a cidade de onde seja o candidato”, explica Ellen Serra, a fundadora do ViDançar.
Início do projeto
Quando tudo começou, em 2010, com aulas de balé clássico que Ellen começou a pagar do próprio bolso para 14 meninas do Complexo do Alemão, ela não pensava que o ViDançar chegaria tão longe. “Em 2011 já eram 25 alunos; em 2012, passou para 60. Chegamos a ter 300 alunos inscritos em uma época em que eu alugava um espaço próprio. Mas aí perdi meu emprego e tive que entregar as salas e diminuir o número de alunos”, conta Ellen, advogada e produtora cultural.
Conseguiram um espaço provisório, também no Complexo do Alemão, cedido por um amigo até que o projeto adquira uma nova sede. Lá conseguiu acomodar 147 alunos no início deste ano. Aí veio a pandemia e o ViDançar suspendeu suas atividades. Por pouco tempo.
Aulas online
Em abril começaram as aulas online. “A adaptação dos alunos a aulas à distância foi sensacional. A garotada é muito talentosa e inteligente. E são crianças que já frequentavam as aulas presenciais, estavam acostumadas à concentração e à disciplina do balé. É claro que os professores precisaram adaptar os exercícios, em casa não há barras ou espelho”, diz Ellen.
A maior dificuldade, aliás, não foi a distância e sim a falta de recursos para ter acesso à internet e conseguir participar das aulas.
Com a experiência de sucesso das aulas online, uma luz se acendeu para Ellen: por que não levar esta mesma oportunidade a crianças carentes de todas as partes do Brasil? É o que faz agora o projeto.
Segundo Ellen, o e-mail usado para a inscrição tem recebido uma “pluralidade” de origens. E a expansão não para por aí. “Um projeto social lá do Junco do Brejão da Caatinga, no município de Campo Formoso, no norte da Bahia, quer fazer uma parceria para oferecer nossas aulas a seus alunos. Faremos uma turma só pra eles, que são muitos e iniciantes”, conta Ellen.
Grana curta
Apesar de toda a empolgação, o ViDançar enfrenta dificuldades financeiras para se manter e, em especial, pagar seus professores. “Como preparamos nossos alunos para competir de igual para igual nas audições das grandes escolas com crianças que frequentam aulas privadas de balé, fazemos questão de ter professores bem capacitados. Eles dedicam muitas horas ao projeto e precisam ser remunerados”, explica a diretora do ViDançar.
Um investimento que vale a pena: são muitos os alunos do projeto que se revelam no balé e encontram na dança uma carreira de sucesso. Além de Luís Fernando, já bailarino profissional, Camila Braga se forma no próximo ano também no Bolshoi. Mais de dez alunos já foram aprovados para a Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a mais antiga escola de dança do país. E quase outra dezena conseguiu vaga na renomada Escola de Dança Petite Danse, que forma bailarinos profissionais.
Quando isso acontece é outra correria pra conseguir grana: o aluno aprovado precisa de dinheiro para fazer a viagem até a escola e se estabelecer lá ou mesmo para comprar os uniformes, que costumam ser caríssimos. O projeto tenta, dentro do possível, ajudar em tudo.