Por que, supostamente, nos irritamos com “opiniões” diferentes das nossas aqui nas redes sociais? Por inúmeras razões, às vezes até mesmo por intolerância, acho eu. Mas, principalmente, acredito, porque, na maioria das vezes, elas não refletem, de fato, uma opinião e sim preconceitos, falta de esclarecimento etc. As pessoas podem preferir o verde ao azul. Questão de gosto. Umas torcem pelo Palmeiras outras pelo Flamengo. OK. Isso foi decidido lá atrás, no d…ia em que elas começaram a ter simpatia por este ou aquele time. Preferem esta religião e não outra porque se identificam mais com o conjunto de crenças que compõem o budismo, espiritismo, induísmo, catolicismo etc. OK. Só que isso não tem nada a ver com opinião.
Quando você diz que é a favor da redução da maioridade penal, da pena de morte, do neoliberalismo, da penalização do aborto supõe-se que você tenha lido, estudado, ouvido prós, contras até formar sua “opinião”. Na maioria das vezes, entretanto, não é isso que acontece. Baseadas em preconceitos, na rejeição daquilo que não entendem, na falta de esforço para adquirir mais conhecimento, muita gente repete o que ouviu falar sem a menor propriedade, sem reflexão, sem sustentação.
Qualquer opinião (a cidade deve ou não deve ter ciclovias; sou contra ou a favor das privatizações; reconheço ou não o direito às cotas; o ajuste fiscal é necessário ou desnecessário) deveria apoiar-se em bases adquiridas pelo conhecimento. Este por sua vez, não prescinde de estudo, dedicação, debate. Dá trabalho, sim, amadurecer como cidadão. E não há atalhos nesse caminho. Ou a pessoa se aprofunda naquilo que quer saber ou ficará sempre à margem. Repetindo chavões, pensamentos, ideologias que, muitas vezes, nem lhe são próprios.
É longo o caminho da construção e solidez do estado democrático. Tem estradas difíceis de se andar. Mas, se queremos um mundo melhor (para nós e para todos) é nesse rumo que devemos insistir. Um rumo que leva à mais sabedoria e menos “achismos”.
