Canalhas também envelhecem. Há controvérsias sobre a autoria desta frase, uns dizem que é de Nelson Rodrigues, outros asseguram que é da lavra de Rui Barbosa ou de Rachel de Queiróz. Pouco importa. O que vale é o alerta nela contido.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Pensei nisso quando acompanhei pela imprensa, nesta quarta-feira (18), a visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Israel.
Durante sua fala no encontro com o comandante do genocídio do povo palestino, Benjamin Netanyahu, o presidente americano não demostrou nenhuma empatia com as mães palestinas que perderam seus filhos, com os meninos e meninas que ficaram órfãos, com os mais de mil habitantes de Gaza que gemem soterrados.
Em sua solidariedade seletiva, se compadeceu apenas com os israelenses feitos reféns pelo Hamas.
No alto dos seus 81 anos, Biden mostra que ainda não compreendeu o significado da palavra compaixão. Nem vai aprender. É caso perdido.
Se comportando como um autêntico senhor da morte, Biden, quase ao mesmo tempo em que seus diplomatas vetaram a proposta do Brasil prevendo uma pausa no conflito, para a criação de corredores humanitários, dobrou sua aposta no extermínio em larga escala dos habitantes de Gaza.
Abre parênteses: a decisão do governo de Israel de permitir a entrega de mantimentos através da fronteira com o Egito é uma migalha, que nem de longe é suficiente para abrandar o quadro de tragédia humanitária. Primeiro porque serão apenas 20 caminhões, quando as agências da ONU garantem que seriam necessários 100 caminhões por dia. E depois porque a fronteira permanece fechada para as centenas de milhares de refugiados. Até hoje o Brasil não teve permissão para retirar 28 brasileiros de Gaza. Fecha parênteses.
A seguir algumas as frases do presidente estadunidense, em sua visita a Israel, seguidas de alguns comentários meus.
“Israel nunca estará sozinho, enquanto os EUA existirem.”
Verdade absoluta. A histórica comprova que os EUA foram e continuam sendo apoiadores de primeira hora e patrocinadores de todas as atrocidades perpetradas pelo Estado racista de Israel contra o povo palestino.
“Israel precisa ser de novo um lugar seguro para o povo judeu.”
A segurança dos judeus é muito importante. Mas, enquanto os palestinos não tiverem o mesmo direito, com um Estado livre e soberano, a insegurança na região não terá fim. Na cabeça de Biden, segurança se conquista massacrando vizinhos.
“Vou pedir ao Congresso americano um pacote sem precedentes para a defesa de Israel.”
Trocando em miúdos, mais dinheiro para que Israel siga destruindo escolas, hospitais e agências humanitárias da ONU, empilhando cadáveres na Faixa de Gaza.
“Estou profundamente triste e indignado com a explosão ontem no hospital de Gaza. Com base no que vi, parece que foi feito pelo outro time, não por vocês.”
Puro cinismo e briga com a realidade este endosso à versão mentirosa e covarde de Israel. Depois de massacrar 500 pessoas no hospital, entre doentes, enfermeiros, médicos e gente que se abrigava na unidade de saúde, Israel joga a culpa em organizações palestinas.
Mas não não há mal que sempre dure. Na verdade, em termos diplomáticos, a viagem de Biden ao Oriente Médio foi um retumbante fracasso. Depois da matança no hospital, os presidentes da Jordânia, Egito e da Autoridade Nacional Palestina suspenderam suas agendas com ele.
Restou ao presidente dos EUA fazer proselitismo mórbido, além do aperto de mãos com Netanyahu.
Mãos sujas de sangue.