Por Francesco Manetto, publicado em El País –
Lésbica, ex-senadora e ex-candidata a vice pela Aliança Verde faz história ao ser eleita prefeita da capital. Eleições locais selam um marco em Bogotá e Medellín e causam um duro golpe ao uribismo
A ex-senadora Claudia López, da Aliança Verde, fez história neste domingo ao ser eleita a primeira prefeita de Bogotá, capital da Colômbia. A prefeita eleita denunciou em meados da última década o conluio entre política, narcotráfico e paramilitares, provavelmente é a representante pública que mais recentemente defendeu a luta contra a corrupção, e agora saiu vitoriosa das urnas ao derrotar Carlos Fernando Galán, filho do candidato presidencial assassinado em 1989. Ex-senadora, assumidamente lésbica, forte defensora do processo de paz com as FARC, López ocupará o segundo lugar em relevância política em um país conservador e principalmente católico. A vitória de Claudia López e os resultados, de modo geral, das eleições locais colombianas confirmaram um duro golpe ao uribismo.
Daniel Quintero, candidato independente, foi eleito com ampla vantagem em Medellín, a segunda cidade da Colômbia. Foi uma das surpresas das eleições locais do país que hoje renovou os governos de mais de 1.100 prefeituras e os 32 departamentos, pela primeira vez em paz. A vitória de Quintero tem uma leitura que vai além do gabinete do prefeito, porque representa uma dura derrota para o Centro Democrático, na terra do ex-presidente Álvaro Uribe. O partido do Governo, que há um ano e meio recorreu ao atual presidente Iván Duque, também não governa o departamento de Antioquia, um dos bastiões do uribismo. “Perdemos, reconheço a derrota com humildade. A luta pela democracia não tem fim”, disse o ex-presidente quando soube dos resultados.
O partido nascido do ex-guerrilheiro, a Força Alternativa Revolucionária do Comum, tem uma aceitação social quase nula, mas o ex-combatente Julián Conrado, conhecido como “o cantor das FARC“, conquistou a prefeitura de Turbaco, em Bolívar, município de cerca de 70.000 habitantes perto de Cartagena das Índias. As eleições também são as primeiras a serem realizados após a assinatura dos acordos entre o Estado e o grupo insurgente. Isso não significa que a campanha não tenha sido abalada pela violência, que se tornou um fenômeno contra candidatos, representantes de partidos e líderes sociais. Houve “230 registros entre ameaças, homicídios e sequestros”, lembra Ariel Ávila, vice-diretor da Fundação de Paz e Reconciliação.
¡Por fin ganamos!
¡Hoy era el día de las niñas, de los jóvenes, las mujeres, las familias hechas a pulso como la suya y la mia!
Sabíamos que sólo si nos uníamos podíamos ganar. Y así lo hicimos: nos unimos, ganamos e hicimos historia. ¡Gracias Bogotá!#ClaudiaAlcaldesa pic.twitter.com/SHLZytYPyR— Claudia López 👍 (@ClaudiaLopez) October 28, 2019
Os primeiros resultados confirmam, em geral, a erosão das formações e lideranças nacionais em favor de plataformas locais, coalizões e famílias políticas locais, como no caso de Barranquilla. Essa luta entre poder nacional e local marcará, em qualquer caso, o primeiro passo na corrida para as eleições presidenciais de 2022. Duque, que chegou à presidência graças ao impulso de Uribe e à alta polarização com seu oponente, o senador Gustavo Petro, garantiu várias vezes e continua afirmando que não pretende revalidar a posição.