Por Cynara Menezes, compartilhado de seu Blog –
A “estratégia” da FAIL (Frente Ampla dos Inimigos do Lula) funcionará ou teremos um epic fail?
A FAIL (Frente Ampla dos Inimigos de Lula) ganhou a adesão de Ciro Gomes. Como o Estadão, Ciro briga com os fatos para carimbar em Lula o epíteto de “maior corruptor da História”. Ou isso é uma mentira ou Ciro prevaricou, já que foi ministro do petista
Vociferações e palavrório nas redes sociais à parte, é nas votações no Congresso que se conhece quem verdadeiramente faz oposição a Jair Bolsonaro. Foi assim na reforma da Previdência, na privatização da água e agora na da Eletrobrás: enquanto os partidos de esquerda têm votado de forma unânime contra os projetos do governo, os “liberais” votam a favor. Mais correto seria chamá-los “bolsoliberais”: antibolsonaristas nos costumes, bolsonaristas na economia.
Na mídia comercial, o grande baluarte do bolsoliberalismo hoje, mais ainda que as organizações Globo, é o Estadão. O jornal da família Mesquita continua estacado no célebre “uma escolha muito difícil” que o tem norteado desde 2018, e segue publicando editoriais surreais onde estabelece falsas simetrias entre Lula e Bolsonaro. No mais recente deles, no dia 14 de maio, defende que Lula representa “o atraso” enquanto o presidente fã de torturador e da ditadura é “o retrocesso”. Um jornal que infelizmente esqueceu de se guiar pelos fatos para fazer politicagem: no governo do “atraso” o que não falta são indicadores positivos.
A FAIL (Frente Ampla dos Inimigos do Lula) encampada pelo Estadão conta com a adesão óbvia de Bolsonaro e recentemente ganhou um aliado de peso, Ciro Gomes. Como o vetusto jornalão da elite paulista, Ciro também tem brigado com os fatos para, orientado pelo marqueteiro João Santana, tentar carimbar em Lula o epíteto de “o maior corruptor da História do Brasil moderno”. Ou isso é uma mentira deslavada ou Ciro prevaricou, já que fez parte do governo Lula como ministro da Integração Nacional e seu irmão, Cid Gomes, do governo Dilma, como ministro da Educação.
A estratégia de Ciro e João Santana parece ser a de atacar Lula para ganhar votos à direita e de arrependidos de votar em Jair Bolsonaro e, assim, chegar ao segundo turno contra o petista. Ao desrespeitar de forma grosseira o legado do governo onde atuou, porém, o cearense vai ficando cada vez mais parecido com… o presidente da República. Como disse a ex-presidenta Dilma após ser chamada por ele de “aborto”, Ciro corre o risco de se tornar uma “variante de Bolsonaro”. Não parece um plano muito inteligente: quem é que vai votar na cópia tendo à disposição o original?
Foi assim na Previdência, na privatização da água e agora da Eletrobrás: enquanto a esquerda vota unânime contra os projetos do governo, os “liberais” votam a favor. Mais correto seria dizer “bolsoliberais”: antibolsonaristas nos costumes, bolsonaristas na economia
Ex-governador, ex-ministro, candidato três vezes à presidência, Ciro teria outras opções de discurso para se manter equidistante de Lula e de Bolsonaro. Poderia, por exemplo, dizer que não se alinha à esquerda latino-americana, que seu projeto progressista é diferente dos líderes que comandaram os países sul-americanos na última década, enfim, pregar claramente que o Brasil pede uma terceira via. Ao escolher o caminho bolsonarista do ódio e das fake news contra o petismo, dá a impressão de que tanto ele quanto seu marqueteiro estão se movendo pelo rancor.
Será que a estratégia dos bolsoliberais de se igualar a Bolsonaro para bater em Lula vai funcionar? Conseguirá a FAIL tirar o PT do segundo turno ou sofrerá apenas mais um epic fail? Em 2018, Geraldo Alckmin tentou ser a terceira via e conseguiu 4% dos votos. De acordo com o último Datafolha, Ciro tem 6%.