Publicado em Carta Capital –
O presidente anunciou que a diretoria da Agência Nacional do Cinema será transferida para Brasília: ‘sem ativismo’
O presidente Jair Bolsonaro anunciou, na noite desta quinta-feira 18, que a direção da Agência Nacional do Cinema (Ancine) será transferida do Rio de Janeiro para Brasília. A ideia do pesselista é que o governo tenha mais influência sobre o órgão.
Pela fala do presidente, ficou claro a intenção de Bolsonaro de interferir na escolha dos filmes incentivados pelo órgão. Para ele, o Brasil não pode mais financiar com dinheiro público filmes como o da Bruna Surfistinha, produção de 2011 que narra a história de uma garota de programa.
“Agora pouco, o Osmar Terra (ministro da Cidadania) e eu fomos para um canto e nos acertamos. Não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá. Ele apresentou propostas sobre a Ancine, para trazer para Brasilia. Não somos contra essa ou aquela opção, mas o ativismo não podemos permitir em respeito às famílias. É uma coisa que mudou com a chegada do governo”, disse em evento no Palácio do Planalto.
Além de transferir o órgão para Brasília, o presidente assinou decreto que transferiu o Conselho Superior do Cinema, responsável pela formulação da política nacional de audiovisual, do Ministério da Cidadania para a Casa Civil.
A Ancine foi criada em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e é composta por nove titulares e nove suplentes. Eles são responsáveis em aprovar diretrizes gerais para o desenvolvimento da indústria audiovisual e estimular a presença do conteúdo brasileiro nos segmentos de mercado.
O evento no Planalto comemorava os 200 dias de governo. O presidente fugiu dos assuntos econômicos e focou seu discurso na questão ideológica. Além de anunciar a mudança da Ancine para Brasília, Bolsonaro citou o vestibular que reservava 120 vagas para transgêneros e pessoas não binárias, o que, para ele, é algo que não pode acontecer.
“Não podemos preservar um concurso público que tem esse comportamento. Tenho que levar avante as bandeiras que fizeram o povo acreditar em mim”, reiterou Bolsonaro.