Por Sindsep –
O Sindsep, que representa os agentes sepultadores da cidade de São Paulo condena a tentativa do presidente Bolsonaro de desprezar os trabalhadores dos cemitérios.
Sua política é a de atacar os direitos do povo pobre e trabalhador. Hipócrita, afirma estar preocupado com o emprego e com a população. Ao mesmo tempo não move uma palha para suspender a cobrança de contas de água, luz e aluguéis que afligem o povo brasileiro. Não garante acesso gratuito ao gás de cozinha para todos aqueles que estão sem renda. Parece uma tartaruga para pagar o auxílio emergencial de R$ 600,00 e sequer garante um salário mínimo para cada brasileiro, que neste momento de crise tem que sobreviver.
Quem sepulta os entes queridos são trabalhadores e trabalhadoras do serviço funerário público. Trabalhamos com a morte e queremos viver. Exigimos respeito, valorização e dignidade. Os sepultadores do serviço público não são mercadores da morte. Buscamos garantir às famílias a dignidade de um funeral para quem está de luto e buscando forças para viver no Brasil abandonado e desmontado. O presidente parece não se importar com os milhares de mortes. Nem se quer uma nota de pesar ou solidariedade.
“Coveiro é quem planta couve”, já ensina a resposta dos trabalhadores dos cemitérios. Sepultamos seres humanos: pessoas com nome, famílias e histórias. O cemitério é um campo santo onde a memória e a história de quem perdeu a vida deve ser preservada. Quem trabalha num cemitério não é coveiro. É agente Agentes Sepultador.
O Bolsonaro também falou “A Constituição sou eu”. Colocou-se acima da democracia, para mais uma vez pisoteá-la como faz com os direitos. Nas aulas de história, o povo francês (1793) mostrou aos povos do mundo o que acontece com governantes que se consideram absolutos.
Bruno Covas não é diferente
Suas declarações não são diferentes das do prefeito Bruno Covas que já afirmou que o “Serviço Funerário Municipal de São Paulo é o pior serviço da prefeitura”. Bruno Covas (PSDB) quer privatizar o Serviço Funerário Municipal, junto com aqueles que querem ter lucro com a morte. O serviço funerário público é a garantia da responsabilidade da sociedade sobre o momento mais difícil de cada família que é enterrar seu ente querido.
O prefeito enrola no pagamento dos atrasados da dos valores da insalubridade para os trabalhadores do Serviço Funerário Municipal conquistado na justiça. Bruno Covas segue furtando-se da responsabilidade de garantir para todos que trabalham nos cemitérios equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários para o trabalho dentro das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não apenas para os servidores, mas também trabalhadores terceirizados contratados emergencialmente através de obscuros contratos tudo feito de emergência sem licitação, dos mantos, de cemitério vertical, de retroescavadeiras, de mão de obra. A prefeitura deve garantir para todos a proteção no exercício do trabalho.
Perdemos nosso colega Ailton de Souza servidor público municipal por 20 anos, trabalhou no Cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista, zona Leste, veio a óbito no último dia 1º de abril. Enviamos nossa solidariedade aos familiares e amigos. Temos outros companheiros enfrentando a doença e lutando pela vida nos hospitais de São Paulo. A irresponsabilidade dos governantes pela vida e o desrespeito pelos trabalhadores evidencia que só os trabalhadores podem defender os interesses dos trabalhadores.
A luta vai continuar contra a concessão/privatização do serviço funerário e para defender a vida desses trabalhadores
20.04.2020
SINDSEP | Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo