Em entrevista, presidente afirma que Bolsonaro libertou “demônios”, o que resultou em candidaturas bizarras nas eleições municipais como de Pablo Marçal e André Fernandes: “Nem vou dizer porque ele virou famoso…”
Por Plinio Teodoro, compartilhado de Fórum
Em entrevista à rádio Metrópole, em Salvador (BA), na manhã desta quinta-feira (17), o presidente Lula detonou o discurso “antissistema” de Jair Bolsonaro (PL), que vem sendo adotado pelos candidatos da ultradireita neofascista apoiados pelo ex-presidente nas eleições municipais.
Sem dizer exatamente o que é “o sistema”, Bolsonaro foi eleito em 2018 com esse discurso, que é propagado pelos aliados extremistas, mesmo sem ter recebido um centavo de trabalho na iniciativa privada.
Ao falar da relação “civilizada” com Arthur Lira (PP-AL) e o Congresso nacional após Bolsonaro ter entregue boa parte do orçamento da União ao parlamento por meio das emendas de relator – o chamado orçamento secreto -, Lula ponderou o que mudou após a passagem do “capitão” pela presidência.
“O que houve de desvio? O que houve de desvio é que Bolsonaro, como é muito incompetente, nunca governou nada nesse país, porque ele é um homem do mal. Saiu do Exército falando mal do Exército. Quase foi condenado”, disse, lembrando a trajetória do adversário, que planejou colocar bombas e quartéis e foi preso por “transgressão grave”, acusado de “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação no âmbito da organização militar” e também “por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial”.
“Depois ele se meteu na politica e diz que é contra o sistema, mas viveu 28 anos de mandato de deputado federal, mais dois da Câmara de vereadores. É o cara que viveu da política o tempo inteiro, o tempo inteiro viveu às custas do Estado como tenente do Exército, viveu às custas do Estado como deputado e vereador e diz que é antissistema. Ele é o sistema!”, detonou Lula, de forma exaltado.
Segundo o presidente, Bolsonaro representa “o sistema das coisas que não prestam no país, que causam prejuízo ao povo”.
Antes, Lula falou da Caixa de Pandora – mito grego que conta que, ao ser aberta, a caixa deu origem aos males da humanidade – aberta pelo ex-presidente, que se traveste de candidatos da ultradireita neofacista nas eleições municipais.
“O demônio foi solto. As pessoas não tem mais vergonha de dizer que defende a tortura, que não gosta de pobre, de negro, de sindicalista”, afirmou.
Como exemplo, sem citar os nomes, o presidente falou da postura de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno em São Paulo e de André Fernandes (PL), que disputa o segundo turno em Fortaleza e virou celebridade após divulgar um vídeo em suas redes, quando atuava como influenciador digital, depilando o ânus.
“Se você souber, aquele candidato de São Paulo a prefeito [Marçal]… o candidato de Fortaleza [André Fernandes] eu nem vou dizer porque ele virou famoso. Você deve saber a história. Essa gente que acha que é engraçado e pode ofender todo mundo. Eles são contra o sistema. O sistema são eles. Eles são [o sistema] porque são filhos da elite. E fica aquela teoria da prosperidade, como se fosse mantra religioso, que pudesse ficar rico”, disparou, em mais uma estratégia levada à campanha pela ultradireita para conquistar votos de evangélicos.
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