Número representa ao menos um ataque por dia contra os meios de comunicação, segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
Compartilhado de Valor — São Paulo
Pré-candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus três filhos políticos – o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) , o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – fizeram 801 ataques à imprensa pelo Twitter desde janeiro de 2021, segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) , divulgado hoje.
O número representa ao menos um ataque por dia contra os meios de comunicação.
O estudo da Abraji mostra que há ataques , críticas e tentativas de tirar a credibilidade dos meios de comunicação em 73% das publicações feitas pela família Bolsonaro em que mesmo homens da imprensa de forma geral no Twitter.
Foram analisados aos “tweets” de Bolsonaro e de seus três filhos políticos 1º de janeiro de 2021 e 5 de maio de 2022. Dessas publicações, em 1.097 há menções termos “jornal”, “jornalismo”, “jornalista”, “jornazista” ”, “imprensa”, “mídia”, “blog”, “blogueiro(a)”, “notícia” e “matéria” (7,3% do total). Nessas postagens que falam sobre a imprensa, 73% são hostis aos meios de comunicação e comunicadores.
O presidente atacou a imprensa em pouco mais da metade (54%) das mensagens feitas sobre os meios de comunicação e comunicadores.
Do clã Bolsonaro, o vereador Carlos, que gerencia as redes sociais do jornal foram: 86,9% das publicações com ataques – 351 publicações, respostas e compartilhamento de hosts desde o ano passado. Eduardo Bolsonaro fez 340 ataques (dois terços de todos as publicações sobre a imprensa) e Flávio, 76 (62,8% dos ‘tweets’ sobre a imprensa).
O estudo foi feito pela Abraji para tentar desvendar padrões nos ataques contra a liberdade de imprensa e mapeou uma rede que envolve influenciadores nas redes sociais e políticas.
Bolsonaro atacou a imprensa em pouco mais da metade das mensagens feitas sobre os meios de comunicação e comunicadores — Foto: Isac Nóbrega/PR/Agência O Globo
Rede articulada
A Abraji que lidera a família Bolsonaro lidera a autoria dos ataques contra a imprensa, ao lado de aliados e apoiadores do governo . Segundo o relatório da entidade, há um padrão de violência contra a imprensa e seus membros, e redes de contatos entre contas e contas que são frequentemente respondidos pelos políticos nos ataques.
“Os atores políticos instigam a hostilização, seus seguidores a amplificam. Os ataques se espalham e se fortalecem por meio de redes articuladas ou semi-articuladas”, afirma a associação. Essa rede é, sobretudo políticos, influenciaram figuras conhecidas no cenário nacional e influenciaram milhares de seguidores no Twitter, diz.
Entre os atores políticos que amplificam esses ataques, segundo a Abraji, estão o ex-secretário especial de Cultura do governo Mario Frias ; o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno ; o ex-secretário nacional de Incentivo e Fomento à Cultura André Porciuncula ; o comentarista Rodrigo Constantino e o deputado pastor Marco Feliciano (PL-SP).
Segundo o estudo, o ataque feito por Bolsonaro contra a imprensa que teve o maior “engajamento” no Twitter foi um desmentido que ele publicou sobre uma suposta conversa com o presidente russo Vladimir Putin, em 28 de fevereiro.
“Não procede a informação que eu teria falado com o Presidente Putin no dia de ontem. Conversei com ele apenas por ocasião da minha visita à Rússia em 16 de fevereiro. A imprensa se supera nas fakenews a cada dia passado”, escreveu o presidente da República na rede social.