Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
O que está faltando para que jornalistas de hoje repitam o gesto dos repórteres fotográficos de 1984, que deixaram suas câmeras no chão enquanto o ditador Figueiredo descia a rampa?
Cotidianamente, o “ditador” eleito humilha repórteres que se postam à sua frente no cercadinho do Palácio do Planalto. Alguns até riem, como aconteceu recentemente quando Bolsonaro usou de termos sexistas para se referir à jornalista Patrícia Campos Mello.
Ele e alguns dos seus apaniguados se divertem com termos pejorativos, com ameaças e bravatas.
E todos os dias, lá vai um grupo de profissionais da imprensa para o cadafalso da humilhação. E não é só no cercadinho, não: sempre que lhe dá na telha, Bolsonaro humilha os profissionais da imprensa, achando que com isso está agredindo os patrões da grande mídia.
Não, Bolsonaro, você está humilhando seres humanos, trabalhadores que, infelizmente se submetem a isso (não vou aqui questionar os motivos para esta submissão, só lamentar), mas isso fere a todos.
Fico com o pensamento e Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine, escritor, poeta e político francês: “Sou da cor de todos aqueles que são perseguidos”.
Vejam trechos de texto de Cynara Menezes, do Socialista Morena, que , em 23 de novembro de 2018, já reportava o acontecimento da década de 80, associando-o às atitudes agressivas de Bolsonaro.
“A extrema grosseria do presidente, que passou à História por declarar que gostava mais de cheiro de cavalo do que de seres humanos e que, se ganhasse um salário mínimo, “dava um tiro no coco”, já era conhecida de todos os brasileiros. E Figueiredo tratava mal sobretudo os repórteres fotográficos, dando respostas atravessadas e proibindo-os de subir ao gabinete para fazer imagens suas, desde que foi fotografado com a mão quebrada.
Inconformados, os fotógrafos decidiram dar o troco e, à passagem do presidente na descida da rampa do Palácio do Planalto, simplesmente colocaram as câmeras no chão. O único do grupo a utilizar o equipamento foi J. França, encarregado justamente de fazer o clique que registra o protesto. De braços cruzados, os fotógrafos apenas olham para Figueiredo passando, com passos ligeiros e semblante carrancudo.”
Abaixo, links sobre o ato canalha de Bolsonaro e o texto do Socialista Morena a respeito da manifestação dos fotógrafos em 1984.