Compartilhado de Jornal GGN –
Além de atrasar o boletim diário sobre coronavírus, omitindo informação sobre total de infectados, governo Bolsonaro avisa que vai rever o número de mortes
Jornal GGN – Na semana em que o coronavírus fez o Brasil bater recorde em número de mortos, o presidente Jair Bolsonaro decidiu agir para transformar os dados da crise sanitária numa verdadeira caixa-preta. A sonegação de dados provocou reação no âmbito internacional, com a Universidade Johns Hopkins, referência no monitoramento da pandemia, retirando o Brasil do mapa na tarde deste sábado (6).
Na sexta (5), Bolsonaro avançou um primeiro degrau na escalada anti-transparência ao determinar o atraso na publicação dos boletins diários sobre o coronavírus no Brasil. O objetivo era o de evitar matérias em telejornais de horário nobre, como o Jornal Nacional, que precisou chamar um “plantão da Globo”, por volta das 21h45, para transmitir ao público os números das últimas 24 horas.
Neste sábado (6), repercutiu na imprensa uma entrevista do novo secretário do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, anunciando que o governo pretende recontar ou criar uma nota metodologia para registrar os mortos por covid-19. Segundo ele, os dados repassados pelas secretarias estaduais são “fantasiosos” e “manipulados”.
Wizard disse ao jornal O Globo que “muita gente [está] morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos.”
Em meio à maquiagem estatística, o Ministério da Saúde retirou do ar o site que consolidava os dados sobre coronavírus desde o início da pandemia. O portal voltou ao ar na tarde de sábado, mas informando apenas o número de pacientes recuperados, as mortes e os novos casos registrados nas últimas 24 horas. Não é mais possível saber o total de casos e óbitos desde o começo da crise.