Desespero pela reeleição fez ex-presidente usar banco como ferramenta de campanha
Por Wellington Mesquita, compartilhado da Revista Fórum
Em busca desesperada pela reeleição, Jair Bolsonaro abriu um rombo bilionário nas contas da Caixa Econômica Federal. As informações foram reveladas pelo portal UOL. A denúncia mostra como o dinheiro público foi usado de forma descarada na campanha eleitoral do ex-presidente.
Ajudado pelo presidente do banco Pedro Guimarães, demitido por acusações de assédio, Bolsonaro criou duas linhas de crédito. Até as eleições, a Caixa liberou R$ 10,6 bilhões para 6,8 milhões de pessoas. No entanto, Bolsonaro não conseguiu se reeleger e o resultado foi um enorme calote nas contas do banco.
De acordo com a reportagem, assinada pela jornalista Amanda Rossi, a instituição financeira foi usada como ferramenta de campanha de Bolsonaro por meio de manobras obscuras e sem transparência. A publicação ressalta que essas ações arriscadas expuseram o banco a um nível de risco sem precedentes na história recente.
Segundo o UOL, as medidas impostas por Bolsonaro custaram a queima de reservas da Caixa. No último trimestre de 2022, informa a publicação, o índice de liquidez de curto prazo chegou 162 bilhões de reais, 70 bilhões a menos do que ano anterior. Este é o menor nível do índice – um indicador de risco – já registrado pelo banco.
“SIM DIGITAL” E CONSIGNADOS
As medidas provisórias assinadas por Bolsonaro resultaram na criação de uma linha de microcrédito para pessoas com restrição de crédito, chamada “SIM Digital”, e na liberação de empréstimos consignados para o programa Auxílio Brasil. No entanto, o alto índice de inadimplência nessas operações trouxe consequências graves para a Caixa.
No caso do SIM Digital, a inadimplência chegou a 80% neste ano, o que deve acarretar um rombo nas contas do banco. Parte desse prejuízo será coberta com recursos do FGTS. Já no caso dos empréstimos consignados para o Auxílio Brasil, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas é incerto.
Em fevereiro, o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, já havia denunciado o uso da Caixa na tentativa de comprar votos.