Bonner: quem planta fascismo não pode ir à padaria em paz

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Por Nathalí Macedo, compartilhado de DCM – 

O jornalista William Bonner em entrevista remota ao programa Conversa com Bial – Reprodução

São eles, na verdade, os primeiros e verdadeiros responsáveis pela onda fascista que temos experimentado nos últimos anos.

Na conversa – por videoconferência, cada um na sua casa, é claro – Bonner reclamou da crescente cultura do ódio nas redes sociais e nas ruas e dos ataques à imprensa.  

“Minha quarentena começou em 2018, quando a polarização política tornava a minha presença em determinados locais públicos motivo de tensão”, disse.




Contou, ainda, sobre os episódios de insultos e acusações a ele próprio e ao seu filho Vinícius Bonner.

Recentemente, Vinícius teve seu nome usado por um criminoso para solicitar o auxílio emergencial, em uma das fraudes que, segundo Bonner, vêm acontecendo há três anos.

“Ele não fez isso pra ficar com os 600 reais. Fez isso para que o filho do âncora do Jornal Nacional aparecesse como alguém que fez algo muito feio”, disse, ao comentar o episódio.

As histórias do pobre âncora perseguido e insultado apenas por fazer o seu trabalho (coitado!), vão de falsidade ideológica a agressão verbal por uma bêbada numa padaria numa manhã ordinária de sábado.

“Pessoas que hoje estão me xingando, dois, três anos atrás, batiam palma”, comenta, buscando conferir à própria voz algum tom de absurdo.

O âncora e editor-chefe do Jornal Nacional, homem de confiança da família Marinho, embaixador do antipetismo no horário nobre, se vê no direito de reclamar do ódio bolsonarista?

Faça-me uma garapa.  

O gado de Bolsonaro – esse monstro que a Globo ajudou a criar e alimentou por muito tempo – só responde ao berrante de seu líder. Sempre foi assim.

Agora que grande parte desse ódio (um ódio eclético, convenhamos, que vai de Marcelo Freixo à Organização Mundial de saúde) está direcionado à Globo, Bonner finge surpresa? 

Será que quando dava publicidade aos áudios criminosamente vazados por Sérgio Moro em matérias gigantescas cheias de acusações a Lula e ao PT, ele imaginava-se ajudando a criar um monstro tão perverso quanto este do bolsonarismo?

Quando endossava a narrativa cínica e antidemocrática que abriu alas para o golpe contra Dilma, poderia supor que o que viria depois seria o fascismo, a barbárie e a incivilidade?

Mesmo com esse gostinho de “eu avisei”, um progressista que se preze não se sente satisfeito com a perseguição ao filho Vinícius, não ri dos insultos de uma bêbada às 10 da manhã, mas, verdade seja dita: 

Bonner não é uma vítima – no máximo, vítima da própria narrativa fascista que fugiu ao controle.

É triste viver num país onde ódio virou uma bandeira, mas todos aqueles que contribuíram para essa catástrofe são cúmplices.

Quem planta ódio e fascismo não pode ir à padaria em paz.

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