Compartilhado de RBA –
Segundo Alexandre Padilha, país já é 2º do mundo de casos, mas é o 125º em números de testes. Respostas de Bolsonaro ante a pandemia são “aberração”
São Paulo – Para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, as respostas do governo Bolsonaro à pandemia de coronavírus têm sido “uma verdadeira aberração”. “O Brasil está fazendo absolutamente tudo errado em relação ao que é recomendado pela OMS”. Segundo Padilha, o país navega totalmente no escuro diante da tempestade.
Médico epidemiologista e deputado federal, Padilha critica, principalmente, a insuficiência de testes para diagnosticar a doença. O país já é o segundo no mundo em número de casos, e o quarto em mortes. Mas ocupa apenas a 125º posição em número de testes realizados a cada milhão de habitantes, observa.
Por isso, nesta quarta-feira (3), apesar de o Brasil ter registrado novo recorde, com 1.349 mortes de pessoas contaminadas pela covid-19 num único dia, além de outros 28.633 novos casos, as notificações estariam ainda muito abaixo da realidade. Para evitar que os números trágicos da evolução da pandemia seja expostos nos telejornais noturnos, o governo passou a divulgar seu balanço oficial depois das 22h. O país já soma 584.106 casos – com alta de 20 mil por dia na média da últimas semana – e 32.548 mortes. “E nosso inverno ainda nem começou.”
Segundo o ex-ministro, o Brasil caminha para ficar atrás apenas dos Estados Unidos no número total de mortes. Podendo até mesmo vir a ocupar a primeira colocação, na proporção de óbitos em relação à população. Trata-se de uma política “genocida” do governo Bolsonaro.
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Sem testes, não é possível estabelecer critérios que garantam um planejamento seguro de reabertura das atividades econômicas. “A não testagem e a falta de informação leva secretarias, prefeituras e governos estaduais, além das próprias pessoas, a tomarem atitudes achando que não tem casos em crescimento”, afirmou em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta quinta-feira (4). “É como conduzir a população para o abatedouro”.
Outros itens que compõem esse política genocida, na visão de Padilha, além de dificultar o acesso das famílias ao auxílio emergencial, o governo Bolsonaro também vem tentando sufocar financeiramente os estados e municípios. Do total de R$ 29,5 bilhões prometidos foram repassados apenas R$ 8,5 bilhões, menos de um terço do total.