Presidente brasileiro pretende ampliar participação da sociedade e levará temas de impacto social para o centro das negociações do grupo. Saiba todos os detalhes.
POR PLINIO TEODORO, COMPARTILHADO DA REVISTA FÓRUM
Pela primeira vez na História, o Brasil assume nesta sexta-feira (1º) a presidência rotativa do G20, grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, a partir deste ano, também a União Africana. Em 2008, no segundo mandato de Lula, o Brasil chegou a presidir o órgão multilateral, mas quando o evento ainda tinha nível ministerial.
No período de um ano em que ficará no comando do G20 – até 30 de novembro de 2024 -, o Brasil será responsável pela organização de mais de 100 reuniões de trabalho e 20 eventos ministeriais até a 19ª Cúpula do G20, que será realizada nos dias 18 e 19 de novembro de 2024 no Rio de Janeiro.
Para o evento, que reunirá os chefes de Estado do grupo, Lula vai focar em três assuntos prioritários:
- Combate à fome, pobreza e desigualdade
- As três dimensões do desenvolvimento sustentável
- A reforma da governança global, em especial nos mecanismos da Organização das Nações Unidas (ONU)
“A gente vai ter uma reunião histórica no país e uma reunião que espero que possa tratar de assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver os problemas. Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e ter tanta gente ainda passando fome”, afirmou Lula no dia 23 de novembro, quando foi composta a Comissão Nacional para a Coordenação da Presidência do G20, que conta com representantes de todos os ministérios e do Banco Central.
Os países e organizações que formam o G20 respondem por 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e abrigam em seus territórios cerca de 2/3 dos mais de 8 milhões de habitantes do planeta.
O Grupo funciona em um sistema de troikas, um trio de membros formado pelo último ocupante da Presidência, no caso a Índia, o atual presidente, o Brasil, e o futuro, a África do Sul, que assume o comando do bloco em 1º de dezembro de 2024.
Dos 19 países do grupo, 16 já exerceram a presidência: EUA, Reino Unido, Canadá, Coréia do Sul, França, México, Rússia, Austrália, Turquia, China, Alemanha, Argentina, Japão, Arábia Saudita, Itália e Indonésia.
Forças-tarefas
Durante participação na 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado, realizada em setembro em Nova Delhi, na Índia, Lula antecipou os três principais eixos da presidência do Brasil no G20 e anunciou a criação de duas forças-tarefa no âmbito do G20 para ampliar o combate à desigualdade ao longo da Presidência brasileira: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
“Todas essas prioridades estão contidas no lema da Presidência brasileira: ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’”, disse Lula na ocasião, ressaltando que “Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional”.
As duas frentes criadas por Lula se juntarão às duas “trilhas” da organização – termo usado para definir as faixas paralelas de atuação e negociação.
A Trilha de Sherpas supervisiona as negociações, a agenda da cúpula e a maioria dos grupos de trabalho. Ela será coordenada pelo embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty.
A Trilha de Finanças trata dos assuntos macroeconômicos e é comandada pelos ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais dos países-membros. Secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito estará à frente dessa faixa durante a presidência brasileira.
G20 Social
O governo Lula ainda implantará no grupo o G20 Social, um espaço para participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas.
No total, serão formados 12 grupos de engajamento com a participação de atores não governamentais dos países-membros para a discussão e formulação de políticas públicas.
Esses grupos se encontrarão entre os dias 15 e 17 de novembro de 2024 na Cúpula Social, que antecede a Cúpula de Líderes de Estado do G20, no Rio de Janeiro, para onde as propostas serão enviadas.
“Nós estamos propondo que o Brasil lidere uma espécie de reglobalização sustentável, do ponto de vista social e do ponto de vista ambiental. Não acontece todo dia de termos a chance de pautar os trabalhos do G20. Temos que usar a oportunidade para avançar a nossa visão para um mundo mais integrado, próspero e generoso, que nos permita realizar as nossas aspirações como sociedade”, declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Presidência
A partir desta sexta-feira (1º), o Brasil assumirá o site oficial e as redes sociais do G20, com informações em três idiomas – Português, Inglês e Espanhol.
Para celebrar o fato histórico, uma projeção será feita no Museu da República, em Brasília, com as principais mensagens da Presidência brasileira do G20. Também haverá, entre os dias 4 e 18 de dezembro, uma campanha de mídia nos aeroportos de Guarulhos (São Paulo), Galeão (Rio de Janeiro) e Juscelino Kubitschek (Brasília), dando as boas-vindas a quem chega ao país.
Veja o documento com mais detalhes do Brasil na Presidência do G20.