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O ex-presidente avaliou a postura do Brasil, que se alinhou aos EUA contra o Irã
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva comentou, nesta quarta-feira 8, sobre a crise entre os EUA e o Irã, após um ataque americano matar o general iraniano Qassem Soleimani. Para o petista, a posição do Brasil mostra a submissão de Bolsonaro aos EUA. “O Brasil sempre defendeu um discurso de paz. Não tinha que cair de joelhos aos pés do Trump”, disse.
Lula concedeu a primeira entrevista do ano para o canal Diário do Centro do Mundo. Nela, o petista relembrou suas ações no Irã quando ainda era presidente e lamentou que o governo brasileiro crie divergências com um país que é parceiro comercial com o Brasil. “Os americanos criam essa situação patética e o governo Bolsonaro vai atrás”, afirmou.
“O Brasil não precisa ser lambe-botas de ninguém. O Brasil precisa ser respeitado pela Bolívia e pelos EUA. Pela China e pelo Uruguai. É assim que se constrói um país soberano”, completou o ex-presidente.
Após o Itamaraty apoiar os EUA no ataque com drones que matou Soleimani, a Chancelaria do Irã convocou o representante do Brasil em Teerã, no domingo 5, para pedir explicações à diplomacia brasileira sobre o posicionamento.
A conversa, segundo informou o Ministério das Relações Internacionais, foi cordial e diplomática. “A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática.”
A nota que precisou ser explicada ao governo iraniano foi divulgada pelo Itamaraty na última sexta-feira 3. Em tom de alinhamento com os norte-americanos e sem citar o Irã, o texto defende uma luta global contra o terrorismo e diz que o Brasil está “pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos”.
Ainda segundo a nota do Itamaraty, o país “acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo”, preocupação também demonstrada pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista.
“O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá (…) e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque naquele país”, encerra.