Brasil? Quem somos?

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Aqui o pensamento de um adolescente, seus questionamentos. A partir de hoje, publicaremos textos do Antonio Vergueiro semanalmente. Que venham outros Antonios, adolescentes que pensam, sim senhor.

Por Antonio Vergueiro*

Estamos na época do 7 de setembro, dia da independência do Brasil. Eu sei, mas tenho certeza de que muitos não sabem. Eu sei, não por que aprendi na escola. Não por que nos foi ensinado em história, mas sim por que aprendi em casa, com a vida, com meu pai, minha mãe, meus avós.

     Na escola, pelo menos nas que eu passei até agora, que foram apenas duas, mas particulares e renomadas escolas da zona sul do Rio de Janeiro, seguem uma ideologia meio estranha na minha opinião. Seguem uma linha do tempo nas aulas de história.




Sendo assim, nos primeiros anos se aprende sobre o Egito de milhares de anos antes de Cristo, segue-se para Roma antiga, Grécia antiga, civilizações, povoados, tribos, até chegar na era cristã.

Onde está o Brasil nessa aula brasileira de história? Ora, o Brasil foi “descoberto pelos portugueses“ em 1500 D.C. Sim, entre aspas, pois isso é o que contam. Será verdade? Por que não se aprofundar mais na história dos nossos amigos peladões de cara pintada, tentar descobrir mais sobre como era aqui antes dos caras pálidas chegarem com suas armas e sua lábia?  Veja quantos anos temos que esperar para que se escute falar do Brasil, o Brasil “Pindorama“.

Quando enfim começamos a falar da nossa história, aprendemos que fomos descobertos por Pedro Álvares Cabral, que junto com  suas caravelas aqui desembarcou enquanto tentava ir para a Índia. Chegando em terra firme foi recebido por tribos indígenas que,  provavelmente, nunca haviam visto um branco na vida.

Logo, gerou-se um pensamento meio confuso na cabeça ingênua desses pobres coitados que acabaram confiando e se deixando levar pela conversa portuguesa, pelo novo: espelhos, pentes, roupas, comidas e bebidas diferentes do coco e das frutas que eles estavam acostumados. Entregando assim, sem muita luta, seu trabalho e sua sabedoria aos desbravadores portugueses.

     Até o oitavo ano das escola, isso é praticamente tudo que aprendemos em relação ao Brasil, mas já sabemos quase tudo sobre Júlio César e Napoleão. Passa-se mais algum tempo falando de outros países, até que retornamos ao Brasil. Um Brasil já colonizado mas ainda protótipo. Falamos sobre Joaquim José da Silva Xavier, nosso Tiradentes, e aprendemos que ele foi importante e que foi enforcado por lutar contra os impostos altos, na época míseros 5%, tendo suas partes esquartejadas e espalhadas pela cidade. Pouco, não é? Pouco para se saber de alguém tão importante em nossa história…

Bom, até o nono ano, ano esse que eu estou, só me lembro de terem falado sobre isso, além de poucas outras coisas. Alguns meses atrás, depois de falarem da Grande Guerra e a Revolução Russa, Segunda Guerra mundial, Guerra Fria, a conquista da independência da África e da Ásia, voltamos a falar um pouco sobre nós mesmos. Falamos sobre a República Oligárquica e da era Vargas, onde aprendemos sobre três fases: Governos Provisório, Constitucional e Novo, primeiras mudanças e etc. Ditadura? Só no fim do ano. Presidentes? Os que eu conheço: Dilma, Lula, FH, Sarney, Collor e Vargas…

Pouco não? Será que é ser muito egoísta pedir para que falem mais sobre nós? Sobre nossa história e não a dos outros. Cadê o patriotismo? Está exclusivamente no futebol e no samba? As novas e a minha geração precisam saber a história de onde vivemos e não da Cleópatra que foi mumificada primeiro.

Queria poder fazer um texto contando um pouco mais sobre o Brasil, mas isso é 99% do que sei, infelizmente. Portanto, deixo este texto como desabafo do meu descontentamento com o planejamento das aulas de história, não por culpa dos professores, mas sim das escolas.

 *Antonio Vergueiro tem 15 anos, estuda no nono ano, Fundamental II

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