Brasil registra 52 mil focos de incêndio em agosto, 238% a mais do que em julho

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Programa Queimadas do Inpe mostra começo explosivo da temporada de fogo em todos os biomas: em relação a agosto de 2020, aumento foi de 2,7%

Por Oscar Valporto, compartilhado de Projeto Colabora




Brigadista combate fogo em área de Floresta Amazônica no Acre: agosto teve explosão de focos de incêndio (Foto: Sérgio Vale/Amazônia Real – 20/08/2020)

A temporada do fogo começou particularmente explosiva no Brasil com agosto registrando 52.071 focos de incêndio, número 238% maior do que os 15.385 contabilizados em julho e mais do que os sete primeiros meses de 2021 somados quando o total ficou em torno de 38 mil. Os dados fechados de agosto de 2021 do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostrou um aumento de 2,7% no número de focos de incêndio em relação ao mesmo mês de 2020 (50.694), apesar de redução no número de incêndios no Pantanal (significativa queda de 74%) e na Amazônia – apenas 4% – em relação a agosto do ano passado.

No mês de agosto, os bombeiros de São Paulo precisaram de 10 dias para controlar o incêndio na Estação Ecológica de Jataí, maior reserva de cerrado do estado. De acordo com as estimativas iniciais, uma área de mil hectares havia sido queimada, o que representa 11% de toda a estação ecológica, além de ameaças a 36 espécies com risco de extinção.

Na Mata Atlântica, o número de focos de incêndio mais do que dobrou de julho (2.220) para agosto (5.087) quando o dado registrado pelo Inpe apontou um aumento de 24,7% em relação às 4.079 queimadas do mesmo mês em 2020. No período de oito meses (janeiro a agosto), o Brasil já registra o maior número de queimadas em áreas de Mata Atlântica dos últimos 15 anos. Segundo o Inpe, foram quase 12 mil focos de incêndio em áreas do bioma, presente em 17 estados.

Em agosto, incêndios de grandes proporções atingiram a Serra do Japi, em São Paulo, que representa 7% do remanescente da Mata Atlântica no país, e também a Serra da Bodoquena, em Mato Grosso do Sul, em área do parque estadual em que os bombeiros necessitaram de uma semana para conseguir conter o fogo. No Parque Nacional de Ilha Grande, localizado na divisa entre Paraná e Mato Grosso do Sul, também foram registrados dois incêndios em áreas de Mata Atlântica neste mês de agosto.

Proporcionalmente, a Caatinga foi o bioma onde a temporada de fogo começou mais explosiva. O Programa Queimadas registrou 1.793 focos de incêndio em agosto, um aumento de 257% em relação a julho (501 focos) e mais do que o dobro dos 838 registrados em agosto de 2020 (crescimento de 114%). Nos oito primeiros meses de 2021, o Inpe constatou um aumento de 137,5% no número de queimadas em relação ao mesmo período do ano anterior – de 1.643 focos de incêndio em 2020 para 3.903 em 2021.

Até mesmo na Amazônia, onde o Exército comanda uma nova operação contra os desmatamentos ilegais, o número de agosto de 2021 – 4,2% menor do que o no mesmo mês em 2020 – não pode ser comemorado. A floresta está ardendo: foram 28 mil focos de incêndio (28.060, precisamente), identificados pelo Inpe – um salto de 463,8% em relação aos 4.977 registrados em julho. Nos oito primeiros meses de 2021, também houve uma pequena redução em relação a 2020: de 44 mil, ano passado, para 41 mil.

As melhores notícias vieram mesmo para o Pantanal onde, apesar da seca ainda mais extrema enfrentada no bioma em 2021, os focos de incêndio tiveram uma queda expressiva: foram registradas 1.505 queimadas em agosto, muito menos do que as alarmantes 5.935 de agosto de 2020 (redução de 74%). Especialistas explicam a queda pelas providências para prevenção e combate aos incêndios tomadas pelos governos estaduais do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. Ainda assim, com o começo da temporada de fogo, o número de queimadas no Pantanal subiu de 508 em julho para 1.505 em agosto, um aumento de 196% e um alerta para os estados. O Inpe também registrou redução nos focos de incêndio em agosto de 2021 (223) em relação ao mesmo de mês de 2020 (380) no Pampa, único bioma onde não houve aumento expressivo de julho (224 queimadas) para agosto.

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