Crime desta segunda, ocorrido em SP e que deixou uma jovem morta e 2 feridas, fez reacender debate sobre um tipo de ocorrência que não era típica no país. Proliferação de armas agrava
POR HENRIQUE RODRIGUES, COMPARTILHADO DE REVISTA FÓRUM
O ano de 2023 é de longe o ano com o maior número de casos de ataques a escolas no Brasil. O episódio desta segunda (23) numa unidade de ensino da capital paulista, em que uma adolescente perdeu a vida e outras duas ficaram feridas, reacendeu o debate sobre esse tipo de crime, que raramente acontecia no país.
Desde 2002 para cá, o ano com mais ocorrências dessa natureza era até então 2022, com seis casos. Este ano, até outubro, já foram nove acontecimentos do tipo. Relembre os casos ocorridos:
13 de fevereiro: Escola Municipal Vista Alegre e Escola Estadual Professor Antonio Sproesser em Monte Mor (SP)
Usando coquetéis molotov e bombas caseiras, um jovem de 17 anos arremessou esses explosivos contra a grade que cerca a unidade de ensino. Ele não conseguiu entrar na escola e acabou sendo apreendido na sequência pela polícia. Em sua mochila estavam uma machadinha e uma peça de roupa com uma suástica nazista. Ninguém ficou ferido na ação.
27 de março: Escola Estadual Thomazia Montoro em São Paulo (SP)
Um adolescente de 13 anos, com histórico de violência, esfaqueou quatro professoras e um aluno na unidade escolar, sendo que uma das educadoras, Elisabeth Terneiro, de 71 anos, morreu. O autor foi agarrado e detido por duas professoras, que o imobilizaram e desarmaram, para que a PM o detivesse na chegada da primeira viatura que atendeu a ocorrência.
5 de abril: Creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau (SC)
No caso mais grave registrado no país este ano, o agressor, um homem de 25 anos, entrou no colégio infantil armado com uma machadinha. Ele pulou o muro e saiu atacando aleatoriamente inúmeras crianças pequenas. Os alunos estavam na área externa da creche, eram mais de 40. Quatro deles, entre 4 e 7 anos, foram mortos. O assassino saiu do local e se entregou voluntariamente num batalhão da Polícia Militar de Santa Catarina.
10 de abril: Escola Instituto Adventista de Manaus (AM)
Um adolescente armado com uma faca e portando um coquetel molotov feriu dois colegas e uma professora durante o horário de aula da escola particular da capital do Amazonas. As cenas de correria e desespero foram gravadas pelos alunos e circularam nas redes sociais. Ele foi detido e levado para a delegacia após o crime.
11 de abril: Escola Estadual Doutor Marcos Aurélio em Santa Tereza (GO)
Duas alunas ficaram feridas após um colega entrar na sala de aula com uma faca e sair desferindo golpes. Uma professora conseguiu desarmá-lo e imobilizá-lo até a chegada da Polícia Militar. O adolescente foi levado para a delegacia e encaminhado para audiência na Justiça.
12 de abril: Escola Municipal Isaac de Alcântara em Farias Brito (CE)
Duas alunas de 10 anos ficaram feridas após um estudante do 9º ano do Ensino Fundamental invadir a unidade de ensino do interior do Ceará. Ele foi apreendido pela PM e ninguém morreu no ataque.
19 de junho: Colégio Estadual Professora Helena Kolody em Cambé (PR)
Um ex-aluno, já maior de idade, foi à escola do interior do Paraná e, com a desculpa de pedir seu histórico escolar, conseguiu ter acesso à unidade. Ele estava com um revólver e matou dos alunos. Um professor o conteve, o desarmou e então esperou a chegada da polícia. Preso, ele foi levado para uma penitenciária de Londrina, onde aguarda julgamento.
10 de outubro: Escola particular Dom Bosco em Poços de Caldas (MG)
Um aluno de 14 anos morreu e outros três ficaram feridos quando um ex-aluno da instituição os atacou a facadas. O autor, também de 14 anos, foi detido por pessoas que passavam pelo local e chegou a ser agredido.
23 de outubro: Escola Estadual Sapopemba em São Paulo (SP)
O ataque a tiros realizado nesta segunda-feira (23) por um aluno de 16 anos resultou na morte de uma garota e em outras duas feridas. O agressor alegou que vinha sofrendo Bullying por parte dessas colegas e que teria, então, resolvido matá-las. A arma era legalizada e de propriedade do pai do autor.