Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook –
A Folha publica hoje o dado mais importante da última pesquisa do DataFolha que incluiu a questão presidencial. E esse rabo do trabalho é mesmo, na verdade, o caminho das pedras para quem quer entender o que acontece hoje no Brasil. Embora também presente no horror a Temer, não é a corrupção do sujeito que incomoda mais os eleitores. É a GESTÃO ECONÔMICA.
O brasileiro simplesmente não aceita o que o “dream team” (hahaha) do mercado impôs a seu cotidiano. Esse é, por um lado, o drama dos que defendem o aprofundamento das reformas neoliberais e, por outro, o desafio posto para as esquerdas na campanha que se aproxima, ou seja, deixar claro a repulsa ao modelo imposto pelo mercado e seus porta-vozes na mídia.
O que o neoliberalismo exige jamais, pelo menos em futuro próximo, será validado em urna. Às esquerdas, entretanto, não basta vender ilusão e embarcar no populismo e na ignorância econômica. Não há recursos para fazer tudo e nem o fim da corrupção seria capaz reverter essa realidade.
É preciso ser claro e apresentar programas de governo factíveis e dizer ao povo quem vai pagar a conta do buraco em que nos metemos. Não é possível, por exemplo, negar que existe uma nova realidade etária na Previdência e que ela precisa ser enfrentada, mas só depois da adoção de medidas como tributação de lucros e dividendos, imposto sobre herança e grandes fortunas etc.
E o Estado tem sim que cuidar e financiar medidas que garantam um mínimo de dignidade à maioria pobre ou miserável, Em suma, já se sabe que os brasileiros não aceitam o cardápio que o mercado queria enfiar goela abaixo. É hora de fazer a contraposição a isso, dizer, sem enganar ninguém, que há um outro caminho possível.