Uma pequena, porém poética, retrospectiva de 2022 da coluna “A César o que é de Cícero”, do doutor em Literatura Cícero César Sotero Batista. Em poesia, Cícero César olha no retrovisor deste quase finalizado 2022.
Vamos a ele:
“Enfrentamos em 2022 a doença, a morte
E a intimidação
Quantos de nós se foram em vão?
Trabalhamos muito e duro
E terminamos no vermelho, à mercê dos juros
Elegemos Lula presidente
Sem saber o que será daqui pra frente
(Mas, cá entre nós, esta vitória na prática foi diferente)
Com o histórico de golpes, o andar de cima
Nos alerta o quanto é fácil mudar o clima
Torná-lo irrespirável como o ar
Das florestas, quando queimadas
E seguiremos desconfiados
Com as mangas apodrecendo nos pés
Eliminados da Copa mais uma vez
Vimos Messi fazer o que ele fez
E alguns de nós, seguidores
Da justiça poética futebolística
Que agracia os grandes desafortunados
Vimos em Messi o Messias
Tudo isto foi tecido
Por muitos de nós
Os que trabalham
Jamais se despem por completo dos receios
E das adversidades
No plano pessoal
Parei de fumar, voltei a fumar
E adoeci
Parei de beber, voltei a beber
E adoeci
E se não cerrei os olhos
Não foi por falta de aviso
Por isso sobre o tortuoso 2022, lhes digo:
Enfrentamos grandes perigos:
No país grande, de pernas curtas
Há muitos filhos-da-puta
Cantemos os dias ruins
Com os desafinados clarins
Que a cadela fascista está sempre no cio
Sobre 2023 não mais digo, apenas espero
A folha limpa na qual escreverei os desejos
A se realizar
O amor, o mar, meu olhar no olhar dos filhos
Que sejam meu ponto de partida”