Cada um tinha um motivo para homenagear Rita Lee

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Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog

São Paulo amanheceu chovendo nessa quarta-feira, 10 de maio.




Dia cinza, esquisito…

Parecia que a cidade chorava.

Uma angústia, 

uma dor coletiva, 

mas, uma dor amorosa. 

Não um lamento. 

Nunca participo desses velórios públicos, se o fiz no passado foi a trabalho, no exercício da função de jornalista. 

Hoje, quis ir. Pessoal e profissionalmente, despedir-me da “mais completa tradução” da cidade.

O lugar escolhido não poderia ter sido mais adequado: o Planetário do Parque do Ibirapuera! 

Parecia que uma nova estrela brilhava na escuridão daquele espaço.

Até o meio-dia, apesar da chuva, mais de mil pessoas haviam passado por ali. Depois o sol abriu, e haviam mais cinco horas de cerimonial.

Pelo caminho, pude testemunhar algumas jornadas de fãs, a diversidade da raça humana que tem algo em comum: Rita Lee. A maioria caminhando sozinha, pessoas que fizeram questão de prestar a ultima homenagem, assim como eu. 

Os sinais de que Rita Lee imortalizou estava nos detalhes das roupas, dos óculos, dos cabelos, do som baixo no celular. Nos rostos tranquilos, apesar de entristecidos, por saber que Rita vive em versos, acordes, voz e tudo o mais.

As adolescentes cariocas aprenderam a ouvir e tornaram-se fãs através dos pais; 

O educador com restrição de mobilidade veio de longe, apesar das muletas enquanto espera a cirurgia de quadril ser liberada pelo SUS, garantiu que a roda de samba de sábado terá a cuíca chorará os versos de Rita Lee; 

A inglesa que aprendeu que o Brasil também é bom de rock’n roll;

Até o segurança, paulista da Bahia, confessou ser fã e a canção preferida é Ovelha Negra.

Não ouvi choros, ninguém escandalizou. 

De quando em quando um coro de vozes cantava… O verso ficou:

“Agora só falta você…”.

Foi um até breve tranquilo. Até o espírito de Rita Lee agiu para romper as regras da hegemonia (mas isso fica para outra história).

Rita, que nunca tive o prazer de entrevistar, remete a uma amiga querida, que estará sempre junto, mesmo distante. 

Para ela, parafraseio Chico:

A Rita deixou de herança o meu sorriso em cada acorde seu que eu ouvir…

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