Por Profª Drª Monica Ribeiro da Silva, em Observatório do Ensino –
Em mais de 30 anos de existência como professora e pesquisadora da área da educação defendo o debate no plano da ideias e sustento que divergências, mesmo de natureza política, sejam restritas a esse plano. Com isso quero dizer que sou contrária a ataques e desqualificações pessoais, por entender que estão na contramão do exercício do livre posicionamento intelectual, acadêmico e político. Por essas razões é muito a contragosto que faço esta postagem, reconhecendo, no entanto, que não me restou outra senão esta alternativa.
Participei, a convite de um grupo de pesquisa da UFPR, de um debate sobre a reforma do Ensino Médio e nele mencionei meu posicionamento contrário ao movimento e ao Projeto de Lei intitulado Escola sem Partido. As razões para isto estarão em um texto que publicarei em breve na página do Observatório do Ensino Médio da UFPR. No debate estava presente um integrante deste movimento, como se pode atestar na página do Movimento ESP, e que é professor no Curso de Geografia da instituição. Os presentes no debate puderam atestar a fragilidade dos argumentos do professor defensor deste movimento que propõe a perseguição pessoal e criminalização de professores da educação básica. Por não conseguir sustentar um só de seus argumentos, o professor recorre então a um artifício no qual coloca em prática o que é incentivado pelo movimento do qual faz parte, e publica em seu blog (tomatadas.blogspot) e em outros sites de extrema direita que me recuso a compartilhar em minha timeline, um texto no qual se propõe a me desqualificar como pessoa e como pesquisadora.
Lamento profundamente essa postura, que incentiva práticas fascistas de perseguição ao pensamento divergente e contradizem a natureza e a função social da Universidade pública. O professor é contumaz na desqualificação pessoal, o que é possível atestar em seu blog, seja no que se refere a outros pesquisadores da área, como Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, seja no que se refere à exposição pública e vexatória de estudantes do curso, em especial dos que apoiaram ou participaram das ocupações ocorridas em 2016.
Lamento, mesmo, e reitero meu constrangimento em ter como colega uma pessoa que, na impossibilitada de conviver com a divergência de ideias, recorre a artifícios tão nefastos. Mas lamento, sobretudo, ter na instituição à qual me dedico por já quase 25 anos, um defensor dessa aberração que institui a censura e incita o ódio e a perseguição no espaço da escola pública.
Profª Drª Monica Ribeiro da Silva
Universidade Federal do Paraná
Observatório do Ensino Médio