Número dois do Ministério da Justiça e ex-interventor federal no DF responde ex-juiz a senador pelo Paraná que corre o risco de ser cassado nos próximos meses
POR IARA VIDAL, compartilhado da Revista Fórum
Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública não deixou barato as críticas feitas pelo senador Sergio Moro (Podemos-PR) sobre o desfile de 7 de setembro.
O ex-interventor federal da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro respondeu aos comentários negativos do ex-juiz da Operação Lava Jato sobre o primeiro Dia da Independência do Governo Lula 3.
Moro escreveu que o evento foi reflexo do baixo entusiasmo gerado pelo governo na população brasileira e destacou a necessidade de retomar uma luta pacífica pela independência.
Cappelli rebateu a postagem do parlamentar paranense e afirmou que, em breve, o Brasil pode dar um passo rumo à independência plena, retirando da vida pública todos aqueles que sabotaram a pátria e permitiram a ascensão do fascismo, além de destruir empresas e milhares de empregos. Ele também mencionou a “Operação Condor II”, que será desmascarada.
A operação mencionada pelo secretário teve início em 1975, quando ditaduras nos países do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) se uniram para realizar atividades coordenadas, clandestinas e à margem da lei, com o objetivo de vigiar, sequestrar, torturar, assassinar e fazer desaparecer militantes políticos que se opunham, armados ou não, aos regimes militares da região, de acordo com informações da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
A declaração de Cappelli vem na esteira da anulação das provas da Lava Jato obtidas no acordo de leniência da Odebrecht, ordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. Essa decisão pode resultar na absolvição de pessoas e empresas envolvidas, uma vez que o ministro considerou as provas “imprestáveis”.
Cassação de Moro
Sergio Moro, que abandonou a magistratura em 2018 para se tornar ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, pode ter uma carreira breve como senador. Isso porque o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) já marcou data para o julgamento de ações sobre prática de caixa dois e abuso de poder econômico nas eleições de 2022 para este ano e, segundo jurista ouvido pela Fórum, o mais provável é que Moro tenha seu mandato cassado.
Segundo informação obtida pelo jornalista Esmael Morais, do Blog do Esmael, o julgamento do caso de Moro foi marcado para o dia 27 de novembro deste ano. A expectativa é que as ações contra o senador sejam analisadas até, no máximo, 20 de dezembro, quando a Justiça Eleitoral entra em recesso. Caso algum ministro peça vistas, há a possibilidade dos demais magistrados anteciparem seus votos e liquidarem o julgamento ou ainda da análise ser retomada em fevereiro de 2024, no retorno do recesso.
Se o TRE-PR decidir, de fato, cassar o mandato de Moro, serão convocadas eleições suplementares para o Senado no Paraná. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) e o ex-governador Roberto Requião (PT) estão entre os nomes do campo progressista que almejam a vaga.