A operação acontece após Walter Delgatti revelar em depoimento à Polícia Federal que invadiu o Banco Nacional de Mandados de Prisão a mando da deputada
Por Marcelo Hailer, compartilhado de Brasil 247
Na foto: Carla Zambelli é alvo de busca e apreensão da PF; Hacker de Araraquara tem prisão decretada..Créditos: Reprodução/Twitter
A Polícia Federal cumpre nesta quarta-feira (2) mandados de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e Walter Delgatti, o “hacker de Araraquara”. As primeiras informações dão conta de que há um mandado de prisão contra Delgatti.
Neste momento, a PF realiza busca e apreensão no apartamento funcional e no gabinete de Carla Zambelli.
A Polícia Federal divulgou que há cinco mandados de busca e apreensão (três no DF e dois em SP) e um mandado de prisão.
A operação acontece após Walter Delgatti revelar em depoimento à Polícia Federal que invadiu o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões a mando de Carla Zambelli.
O ministro da Justiça, Flavio Dino, repercutiu a operação em suas redes sociais.
Operação 3FA
Intitulada Operação 3FA, a ação da PF nesta quarta-feira tem por objetivo esclarecer a a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
As ações ocorrem no escopo de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ, que tramitou perante a Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o Supremo Tribunal Federal em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro.
Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
As inserções fraudulentas ocorreram após invasão criminosa aos sistemas em questão, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, conduta mediante a qual o(s) criminoso(s) passaram a ter controle remoto dos sistemas.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Delgatti diz que Bolsonaro ordenou que ele invadisse urnas eletrônicas
Informações divulgadas pelo jornalista Joaquim de Carvalho, no Brasil 247, afirma que, em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, o “hacker de Araraquara”, teria recebido ordem do próprio Jair Bolsonaro (PL) para invadir as urnas eletrônicas e teria ainda recebido um pedido bizarro do ex-presidente.
Delgatti teria dito à PF que falou com Bolsonaro por um celular novo, “tirado da caixa”, durante encontro com a deputada Carla Zambelli em um restaruante da rede Frango Assado na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, após um primeiro encontro pessoal com o ex-presidente em Brasília.
Delgatti teria sido levado até o local por um motorista de Carla Zambelli. Na conversa pelo celular, Bolsonaro teria dado uma “missão” a ele: invadir as urnas eletrônicas para provar que o sistema era falho. O hacker, no entanto, não conseguiu cumprir a missão.
Além disso, Bolsonaro teria pedido para Delgatti assumir uma gravação clandestina que ele teria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O hacker, no entanto, disse que acredita que a gravação nem existisse, mas que faria parte do suposto plano envolvendo o senador afastado Marcos do Val (Podemos-DF) e Daniel Silveira.
À PF, Delgatti também teria dito que recebeu depósitos feitos por assessores de Carla Zambelli direto em sua conta, o que comprovará o vínculo entre os dois, além de um montante pago em dinheiro vivo.