Peguei hoje um rabo de conversa sobre a conveniência de se publicar foto como a do corpo garotinho sírio de 3 anos. Peguei hoje uma cena de uma mãe pobre e talvez alcoolizada já as 8 da manhã espancando um filho de uns 7 anos na rua. Peguei hoje uma esperança de que ao menos a cena do menino sírio desperte afinal um pouco de humanidade do mundo diante da tragédia viva, mais do que anunciada, dos que tentar fugir do inferno arriscando a vida no mar, em caminhão-frigorífico, nos motores de carro etc.
Depois do que vi na calçada paulistana, peguei hoje na memória a lembrança do menininho carioca de 10 anos fuzilado tem poucos meses pela polícia na porta de sua casa. Peguei hoje a decisão de dar um bico no temor de que me achem piegas por dizer que matar os sonhos de crianças é a negação de tudo. Peguei hoje a necessidade de dizer sem estilo ou preocupação com texto que nós perdemos a mão e que o mundo tá quase impossível.