Carlos Eduardo Alves pelo Facebook

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O drible errado do gênio Neymar foi alvo de um vergonhoso editorial na edição de hoje do ótimo jornal espanhol El Pais. Um resumo da encrenca: o pai de Neymar, que gerencia a carreira do genial jogador, ameaçou ir embora da Espanha caso “não tivermos uma situação confortável para trabalhar”. O “desconforto” foi causado por investigações do Fisco daquele país sobre quase certas irregularidades tributárias. O cardápio é vasto, abrange sonegação de impostos, fraude contratual e outras manobras para driblar pagamento de imposto.
O editorial é duro com o jogador brasileiro e seu staf: “Se não estiverem dispostos a acatarem as normas fiscais espanholas….o melhor é irem embora”. O mico é exemplar. A elite brasleira não gosta mesmo de pagar imposto. Embora de origem humilde, a familia de Neymar aprendeu rapidinho a nutrir a ojeriza de ir ao guichê a recolher tributos.
Aqui no Brasil, o discurso recorre à hipocrisia para justificar o crime da sonegação e, também, a falta de um mínimo de compromisso com justiça social: “Eu pagaria com gosto se o imposto fosse revertido em coisas úteis e não fosse para financiar corruptos”, repetem os cínicos sonegadores. Mentira. No fundo, têm uma interpretação particularíssima e cruel da meritocracia. Que culpa têm de o País ter pobres demais? Eles que teriam que financiar a “vagabundagem” via Bolsa Família e outros programas sociais, que no fundo só garantem a sobrevivência dos miseráveis?
A desculpinha para boi dormir sobre a ligação entre repulsa à tributação e o destino duvidoso do dinheiro arrecadado é desnudada quando, por exemplo, o pai de Neymar não quer pagar na Espanha o que é devido. Muitos de nossos ricos pensam do mesmo jeito. Cultivam uma firme e irredutível recusa conceitual a qualquer ideia de reparação social, qualquer que seja. Aqui ou na Espanha. O problema para os sonegadores é que em outros países essa “malandragem” não cola.
Neymar e seu mentor serviram apenas de exemplo nessa briga da elite brasileira contra qualquer tributação de renda. Para que não exista dúvida, sou santista fanático e não tenho nenhuma dúvida de que Neymar será o melhor jogador da história do futebol brasileiro depios de Pelé; Num sábado de manhã tem alguns anos, desci para Santos sozinho para ver um molequinho de uns 13 anos jogar, alertado por um amigo que nosso time estava gestando um gênio. Era fato. Depois, fiz questão de levar meu filho caçula, então com uns 4 anos, ao Pacaembu para ver a estreia de Neymar como profissional, quando o geninho tinha acho que 16 anos. Queria que ele pudesse falar no futuro, como faz orgulhoso hoje, que vira o começo de um dos maiores da História. Enfim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Aquele mulatinho de pernas finas ascendeu socialmente pela qualidade incomum de seu trabalho. Mas infelizmente incorporou algumas dos piores comportamentos de seus novos companheiros de classe social.

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