Carne amarga

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Por Adriana do Amaral, jornalista

Alguns pessoas desperdiçam o seu prestígio. São hábeis em provocar, instigar, ferir com a língua. Usam palavras como armas que lançam ódio. Gratuitamente. Foi assim, utilizando o seu espaço público, que o comediante/apresentador Danilo Gentili ofendeu o padre Júlio Lancellotti. Por que?




Não vejo nenhuma razão para o comentário, não apenas desrespeitoso mas, homofóbico. Aquele que de gentil não tem nada afirmou, em sua conta no Twitter: “Nós dois lamentamos ver este vídeo, amado padre. Eu lamento porque não estou lá com eles e você lamenta porque prefere linguiça”.

A ironia está explicitada em dois momentos, no uso do adjetivo “amado” e no pronome “você”. Para defender o direito de um grupo de jogadores da seleção brasileira, aquele que não tem nada de engraçado feriu o padre Júlio.

Atingiu o osso. Afinal, as palavras machucam mais do que a faca, que corta a carne. As ofensas marcam a alma.

Danilo, que não foi convidado para o banquete, mas temperou a própria existência com fel.

O religioso publicou e comentou um vídeo onde o ex-craque Ronaldo banqueteava-se, acompanhado por um grupo de jogadores da seleção, de carne temperada com ouro. Devido ao seu ativismo em prol daqueles que passm fome, 35 milhões se brasileiros, seria impossível a ele não comentar o exagero postado nas mídias sociais.

O povo brasileiro passa fome e canta e vibra o ópio do futebol por amor à camisa e ao sonho de um Brasil de berço esplêndido!

Eu tento entender o porquê de alguns “formadores de opinião” usarem o nome do homem santo em vão. Seria a busca desesperada por likes? Ou espaço na mídia? Ou um convite para uma churrascada? Talvez um contrato de publicidade de alguma marca de linguiça…

Padre Júlio disse que não responde a ataques. Em sua página no Instagram ele escreveu:

“Meu comentário não é ataque a ninguém mas defesa dos privados de alimentação. Não respondo ataques com ataques. Sinto muito.”

Eu é que sinto muito. E peço perdão por aquele que ofendeu, padre Júlio.

O triste e perverso texto no Twitter:

a

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