Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
Jornalista Miriam Leitão, publicamos aqui no Bem Blogado, no dia 05 de junho, menos de 48 horas depois, um acontecimento no voo 6342, da Avianca, rota Brasília/Rio. Nesta publicação (https://bemblogado.com.br/site/?p=31333) a professora de Urbanismo da UFF – Universidade Federal do Rio de Janeiro relatou um fato que a deixou abismada: um agente da Polícia Federal adentrou o avião, depois que todos os passageiros já estavam em seus lugares, foi até a poltrona 21A e questionou o ocupante do lugar sobre quem era o seu chefe, quem mandava no grupo de petistas ali presente, num tom ameaçador. Sem resposta, este senhor de terno preto foi até a cabine de comando e lá ficou trancado por até oito minutos. Depois disso, saiu e o avião decolou. Na chegada, no Rio, o comissário de bordo filmou com o seu celular todos os passageiros. A professora soube por uma comissária de bordo que aquele senhor inquisidor que estava na saída do avião era um agente da Polícia Federal. Pois bem, somente hoje, depois de 10 dias, é que a senhora publica que sofreu “ataque de violência verbal” neste voo.
Não estou aqui para questioná-la sobre suas qualidades de jornalista, mas, convenhamos, esperar 10 dias para publicar agressão que teria sofrido durante todo um voo de duas horas, não é perder um pouco do timing jornalístico?
Não estava lá, se estivesse eu não a vaiaria, a ignoraria, simplesmente, mas como sou também jornalista procurei apurar os fatos antes de acreditar piamente em suas palavras. O jornalismo que aprendemos era assim, não é mesmo? Apurar, investigar antes de publicar. Talvez você tenha demorado estes 10 dias para fazer isso.
Então, Miriam Leitão, se você foi agredida não caberia um Boletim de Ocorrência assim que chegou no Rio? Duas pessoas, a própria professora Lucia Capanema e o advogado Rodrigo Mondego a desmentem sobre os fatos por você narrados.
E você não apurou nem que o agente da Polícia Federal entrou no avião e foi até a poltrona 21c, seis poltronas depois da sua, fez todo aquele questionamento constrangedor ao passageiro. Ah, você também não percebeu que este se trancou na cabine de comando e que, depois, na chegada do avião, um comissário de bordo filmou a todos (pena não ter filmado o que você considerou como o “ataque de violência verbal” que você declarou).
E você deu um jeito de, no seu texto, incluir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Indiretamente, você quis dizer que a culpa é do Lula pelas vaias recebidas. Assim como ele é dono do triplex e dos pedalinhos do sítio de Atibaia.
Miriam Leitão, me chamou mais atenção quando você falou que Lula erra ao citar você em comício. Ele só cita você como exemplo do mau jornalismo que vem sendo praticado. Não se preocupe, nunca vi o Lula pedir para agredir ninguém, verbal ou fisicamente. Ele é de paz, embora não seja assim que a velha mídia o pinte.
Ah, aí você veio com a pérola: “sou apenas uma jornalista”. No romance “Mefisto”, de Kalus Mann, que você deve ter lido e assistido ao filme, o personagem Hendrik Hofgen é um ator que vende a alma ao diabo do nazismo. Ele trai o passado, os colegas e depois cai em desgraça. E quando chega ao ocaso, afirma: “mas sou apenas um ator”. Perdão pela analogia, sei que é exagerada, mas que lembrou, lembrou.
E, para finalizar, Miriam, você que tanto fechou os olhos para o golpe em que vivemos, procure fechar os ouvidos para as vaias. Sei que incomodam, bem como os aplausos envaidecem, mas na democracia em que estávamos vivendo era assim mesmo.