Rio de Janeiro, 20 de Fevereiro de 2018.
Pai, Desta vez não tenho nenhuma grande novidade.
Todo ano a mesma coisa: Acabou mais um Carnaval. Uma chuva de verão inundou a cidade. O Flamengo já foi campeão! O exército está intervindo na segurança do Rio de Janeiro…
Tudo dentro da normalidade de início de ano. Uma rotina a que nós, cariocas, já nos acostumamos. Coisas que a gente já sabe como termina, né! Botam o exército sem melhorar o que realmente precisa. Sem dar opção de emprego, de educação, de nada…
Em Ipanema, onde você morava, não deve ter muita mudança, ninguém vai nem notar. Mas o pior é que tem gente que acha que adianta alguma coisa, essa gente não aprende nunca, pai! Vi no jornal que é a 13ª vez que o exército vem pro Rio nos últimos 10 anos. Isso mesmo! Mais de uma vez por ano! E por que acham que desta vez vai funcionar?
Como o exército vai conseguir acabar com o crime organizado no Rio de Janeiro, se foi exatamente quando eles controlavam tudo que surgiu isso? Todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber, que foi durante a ditadura militar que nasceu o crime organizado. O “comando vermelho” surgiu, cresceu e tomou força durante o governo deles.
As forças armadas deveriam estar cuidando das fronteiras pra impedir que as armas e as drogas chegassem ao Rio, ao invés disso, vem pra cá, e metem o Pezão na nossa porta pra enxugar gelo.
Vou te contar, pai, tá difícil de aturar esses governos, os três cavaleiros do apocalipse. Final de ano tem eleição e vou ter que votar com Crucifixo e Água Benta.
Beijo do seu filho, Ivan *Filho de Henfil *