Carta ao Povo de Deus: uma sinuca para a CNBB

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Por Marcelo Auler em seu blog, compartilhado do Jornal GGN – 

Idealizado, inicialmente, por alguns bispos entre aqueles que possuem “mais afinidade à dimensão social do trabalho pastoral”, o documento, em poucos dias, ganhou a adesão de boa parcela do episcopado brasileiro.

Bispos que assinaram a Carta: dom Claudio Hummes, dom Edson Damian; Alberto Corrêa, dom Joaquim Giovani Mol, dom Zanoni Demettino Castro, dom Angélico Sandalo Bernardino, dom Erwin Krautler e dom Leonardi Ulrich (Da esquerda para direita – Fotos: reproduções)

A divulgação, na tarde de domingo (26/07), pela coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, da Carta ao Povo de Deus, endossada por 152 bispos – entre os quais o cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, dom Claudio Hummes; o bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sandalo Bernardino; o arcebispo de Feira de Santana (BA), dom Zanoni Demettino Castro; o bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM), dom Edson Taschetto Damian; o arcebispo de Belém (PA), dom Alberto Taveira Corrêa; o bispo prelado emérito do Xingu (PA), dom Erwin Krautler; o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), dom Joaquim Giovani Mol; e o arcebispo de Manaus (AM) e ex-secretário-geral da CNBB dom Leonardi Ulrich – coloca a cúpula da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em uma sinuca de bico.




Idealizado, inicialmente, por alguns bispos entre aqueles que possuem “mais afinidade à dimensão social do trabalho pastoral”, o documento, em poucos dias, ganhou a adesão de boa parcela do episcopado brasileiro. Sua divulgação era prevista para quarta-feira, 22 de junho. Data significativa para a igreja que nela festeja Santa Maria Madalena, considerada a “Apóstola dos Apóstolos”.

A divulgação, porém, foi adiada, a partir da ideia de apresentar o documento à cúpula da CNBB. “Achamos por bem enviá-la primeiro, com a assinatura de todos nós, ao Conselho Permanente da CNBB, para apreciação e posterior divulgação, com o apoio institucional da Conferência”, explicou ao BLOG, no mesmo dia 22, um dos bispos que aderiu ao movimento pouco após ele ser iniciado. Na mesma mensagem, porém, deixou claro: “A publicação dessa Carta é uma necessidade urgente, porque urgente é a profecia, que denuncia e anuncia, em favor do sofrido Povo de Deus.

Oficialmente, o Conselho Permanente da CNBB só estará reunido no início de agosto. Havia a expectativa de que a Carta gerasse uma reunião extraordinária. Até domingo, porém, não surgiu nenhuma sinalização neste sentido o que pode ter provocado algum dos participantes a “vazar” o documento à jornalista. O fez, certamente, pensando em pressionar a direção da Conferência. Como a própria Mônica informou, “há um temor entre signatários do documento de que o setor conservador do órgão impeça a divulgação”

No cálculo de um religioso para o Blog, “de 10 a 20% dos bispos e uma proporção maior (talvez 35%) dos padres católicos brasileiros não só apoiam Bolsonaro como apoiam o governo atual e defendem mesmo o ódio, a intolerância e a violência. São, inclusive, contra o papa Francisco”.

Os percentuais podem não ser estes. Mas, sem dúvida, que a preocupação de não se chocar diretamente com a ala mais conservadora da igreja vem impondo freios à cúpula da CNBB. Ainda que faça cobranças ao governo e se posicione contrária a várias de suas políticas, suas críticas ficam aquém das que foram feitas, por exemplo, durante os anos de chumbo da ditadura militar. Em especial nos anos 70.

Já a Carta ao Povo de Deus é forte. Difere totalmente das notas e pronunciamentos protocolares que a entidade tem divulgado. Marca um posicionamento contundente de uma grande quantidade de bispos brasileiros. Verdade que o episcopado brasileiro tem mais de 400 representantes entre os diocesanos e os eméritos, ou seja, aqueles afastados do dia a dia das dioceses. As 152 assinaturas, porém, tendem a crescer, ainda que encontre algumas resistências.

Confirmando a informação de que há muitos bispos que sequer foram consultados, no domingo à noite o Blog conversou com um que desconhecia o movimento. Na segunda-feira (27/07) ele admitiu, “li, gostei, mas não vou assinar por entender que ensejará perseguição à Igreja”.

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