Por Ludi Um, no Facebook –
Nasci em 72.
Era a ditadura militar, pais de amigos desapareciam, ninguém pode falar nada.
Passei por várias crises neste Brasil.
Durante a minha infância o governo do general Ernesto Geisel, empolgado com a prosperidade do tal Milagre Econômico brasileiro , fez vários empréstimos nos Estados Unidos. Porém, o governo norte-americano aumentou a taxa de juros, elevando muito o valor da dívida. Na mesma época, a inflação disparou. Ocorria então a pior crise financeira da história do país, que se arrastou por toda a década de 1980.
Vivi a crise do feijão, do leite, da carne…Recessão pesada.
Entre 1990 e 1992, o Brasil foi alvo de mais uma crise: Plano Collor, que ficou marcada por um profundo momento de recessão econômica e agravamento da crise.
Sobrevivi.
Hoje vivemos mais uma crise, depois de um golpe desses, com o STF e tudo.
E vários familiares, parentes e amigos no próximo domingo irão às urnas.
já declararam e apoiam o candidato que vai colar um alvo em mim. Um alvo bem grande, já que faço parte de uma minoria, que penso diametralmente do que ele prega e principalmente por pensar que a construção de uma sociedade perpassa pelo respeito às diferenças, as ideias. O debate e a democracia.
Ontem ouvi e vi este candidato em um telão dizendo que vai me varrer do mapa do Brasil. Fui taxado por ele de bandido, de “bandido vermelho”.
Então, meus familiares, parentes e amigos na hora que você for eleger seu “mito”, lembrem-se: vocês me transformaram em um alvo e colocaram minha existência em risco.
Se porventura, algo acontecer a minha integridade e existência, serão vocês atrás desta ação, apertando o gatilho, me varrendo do país que lutei para ser diverso, multicultural e democrático.
Por favor não chorem e nem se preocupem comigo, pois vocês também são os algozes.
Sem raiva, sem rancor, sem ódio, que o amor que habita em mim possa ser transbordado pra vocês. Respeitarei qualquer resultado que possa sair das urnas no próximo domingo. É assim que se faz a democracia.
Continuarei sonhando, lutando e resistindo por um país diverso, multicultural e democrático.
Sobreviverei.