Cartaz atribuído à  turnê do Dead Kennedys no Brasil é coerente com o histórico político da banda

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Por Ricardo Pereira da Silva, engenheiro

 

Para aqueles que se se surpreenderam com o cartaz atribuído ao show da banda dos Estados Unidos, Dead Kennedys, saibam que o engajamento politico dessa banda é antigo e transcende a música.




O cartaz do ilustrador Cristiano Suarez traz a frente uma família  de classe média, retratando familiares do palhaço Bozo vestidos com o uniforme da Seleção Brasileira, e, ao fundo, barracos em chamas, tanques de guerra, armas, com as palavras de um dos filhos do palhaço: “Adoro o cheiro de pobre morto pela manhã”.

 

Embora a banda renegue em nota o cartaz, afirmando que não pode saber o bastante sobre as situações em outros países para divagar sobre suas políticas específicas e que o  pôster divulgado não reflete uma declaração política ou o posicionamento do Dead Kennedys, o teor político demonstra profundo conhecimento e coerência com o histórico da banda.

 

A produtora afirma que o pôster faz alusão à faixa Rambozo do disco Bedtime for Democracy de 1986. A música se posiciona contrariamente à adoração a guerra e o seu protagonista, o Rambozo, é um criminoso, egocêntrico, musculoso, negador da história, consumista, violento e armamentista.

As coincidências como o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro são latentes, podendo ser notadas, além da escolha da faixa tema do cartaz, nas camisetas da CBF, na família “de comercial de margarina”, no ódio de classe apresentado na frase “adoro o cheiro de pobre morto pela manhã” e nos barracos em chamas.

Como exemplo do histórico do engajamento político da banda, podemos citar a capa do disco “Give me Convenience or Give me Death” (dê-me conveniência ou dê-me morte). O título faz alusão à frase “give me freedon or give me death” (dê-me liberdade ou dê-me a morte) dita durante o processo de independência dos EUA;. A troca da palavra liberdade por conveniência é uma crítica ao consumismo, afirmando que o sentido da nação americana não é mais a liberdade, mas  sim o consumo.

Além do título do álbum, a arte da capa também apresenta significado profundo no posicionamento anticonsumismo e no questionamento aos nossos verdadeiros valores morais.

A ilustração combina uma antiga peça publicitária de creme para barbear dos anos 50 com uma foto icônica do Holocausto de Churchill, ocorrido no estado de Bengala (Índia) na Segunda Guerra Mundial. Na ocasião, o governo britânico saqueou os estoques de alimento para suprir as tropas inglesas, levando dezenas de milhares de indianos a morte por fome. Contra isso, houve uma grande rebelião, que foi  duramente reprimida,  resultando em  cerca de  2.500 execuções e quase setenta mil presos.

Quanto ao cartaz ora renegado pela Dead Kennedys, a banda brasileira Ratos do Porão já afirmou que “há quem queira” e se apropriou da arte fazendo pequenas modificações, reconhecendo o excelente trabalhado do Ilustrador que transcendeu e fez uma peça de grande valor político e histórico.

 

 

California Ubber Alles – Califórnia Acima de todos, parece descrever o bolsonarismo.

https://www.youtube.com/watch?v=1OEEJ_63n2Q

 

Police Truck – Trata da violência e corrupção policial

http://desacato.info/o-holocausto-que-churchill-causou-contra-a-india/

 

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