Caso Guimarães: a liberdade de expressão e o exercício da vendeta

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Publicado em Jornal GGN – 

É sintomática a maneira como alguns jornalistas tentam se prevalecer da condução coercitiva a que foi submetido o blogueiro Eduardo Guimarães. Endossam a arbitrariedade, um atentado evidente à liberdade de expressão – da qual nós, jornalistas, somos os principais defensores e beneficiários – meramente por uma questão pessoal: em algum momento sentiram-se atacados por Eduardo – que, saliente-se, não é figura fácil.

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Mas não é a simpatia de Eduardo que está em jogo: é a liberdade de expressão.




O episódio é exemplo maiúsculo do tamanho minúsculo de pessoas que, por sua imagem pública, deveriam ser trincheiras da liberdade de expressão. Mostra o maior problema brasileiro, a ampla superficialidade e desconhecimento de pontos centrais da construção democrática. Mais que isso, é demonstração de uma mesquinharia, contra um adversário ameaçado, que conspira contra o caráter dessas pessoas. Como bem observou Hilde Angel, “as pessoas não gostam de quem tripudia” sobre a desgraça do adversário.​

O ponto central de criminalização de Eduardo é o fato de, recebendo as informações, ter entrado em contato com o Instituto Lula antes de divulgar os fatos.

É um sofisma, por onde se olhe:

Sofisma 1 – ouvir o atacado

Recebendo a denúncia, qualquer jornalista minimamente responsável trataria de ouvir o outro lado para escrever sua reportagem. Mesmo porque seria uma maneira de conferir se os fatos são verossímeis, para não cair em alguma barriga. Foi o que Eduardo fez. Se foi para alertar ou para se precaver, trata-se de um julgamento de caráter eminentemente subjetivo, que jamais poderia servir de álibi para uma condução coercitiva.

No próprio post em que divulgou a notícia, Eduardo informava ter entrado em contato com o Instituto Lula.

Sofisma 2 – a consulta não atrapalhou em nada as investigações.

Pelos relatos, Eduardo recebeu as informações de manhã, ouviu o Instituto Lula e divulgou à tarde. A tal operação deveria ocorrer dias depois. O que o Instituto fez entre o contato de Eduardo e a divulgação em seu blog, que não poderia ter feito depois da divulgação no Blog?

Essa acusação de vazamento é uma bobagem monumental.

A intenção objetiva de Sérgio Moro ficou explícita nas explicações dadas hoje. Nelas, acusa o blogueiro de ter entregado a fonte espontaneamente – outra bobagem porque já era de conhecimento da operação o nome da fonte – comprovando que a intenção final dessas operações de condução coercitiva é a de desmoralizar a vítima perante a opinião pública.

O recuo de Sérgio Moro é a comprovação final de que não controla mais seu estado emocional. Só um desequilíbrio emocional para explicar a truculência da ação de ontem, e o recuo rápido de hoje.

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