Por Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania –
Quero protestar publicamente contra a rádio CBN. E, desta vez, não é por algo que a emissora veiculou, mas pela sua descomunal arrogância.
Na semana passada, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, marcou encontro com blogueiros para conversa informal em que, conforme suas palavras, mais pretendia ouvir do que falar.
A conversa ocorreu na manhã desta segunda-feira na sede do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, em São Paulo – este que escreve participou desse encontro.
Não houve um fato jornalístico, não foi uma entrevista, apesar de o ministro ter dado algumas informações que, aproveitando o embalo deste desabafo, o blogueiro irá relatar.
Foi um bate-papo e Rossetto estava lá no âmbito do esforço do governo de dialogar com os mais diversos setores da sociedade.
Apesar de o ministro não ter pedido sigilo, até porque o encontro foi registrado em sua agenda oficial – o que permitiu à CBN saber que ocorreria –, os blogueiros decidiram não divulgá-lo até que ocorresse, quando poderia surgir alguma coisa a ser noticiada.
O encontro foi marcado para as nove horas. Pontualmente, ali estava um repórter da CBN, o que dá uma ideia da marcação cerrada da mídia oposicionista sobre o governo Dilma.
Esse repórter, vale comentar, estava a serviço do programa que o comentarista político da Globo e da CBN Carlos Alberto Sardemberg tem na emissora de rádio.
Falemos um pouco da CBN e de Sardemberg. Ano passado, quando o ex-presidente Lula deu entrevista a blogueiros, esse comentarista os acusou de serem “pagos com dinheiro público” no mesmo programa que enviou o repórter ao encontro com Rossetto.
Ouça, abaixo, o que disse Sardemberg sobre esses blogueiros em 11 de abril de 2014.
Os que se reuniram com Rossetto nesta segunda-feira, portanto, tinham todas as razões para não receber enviado de um programa de rádio que os calunia, já que nenhum deles é pago para falar bem do governo, como disse Sardemberg.
Diante disso, o presidente do Barão de Itararé, Altamiro Borges, pediu ao repórter da CBN que se retirasse, já que ele invadiu a sede da entidade sem ser convidado. Ainda assim, o repórter em questão “exigiu” participar da reunião porque se tratava de um “compromisso público” do ministro.
Ora, autoridades se reúnem com os grandes meios de comunicação o tempo todo. Não faz muito tempo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, deu entrevista à Veja. Será que a editora abril admitiria a presença de blogueiros em seu recinto se argumentassem a mesma coisa que o repórter da CBN?
O presidente do Barão de Itararé é um homem cordato e, por isso, à diferença do que teria feito este blogueiro aceitou a presença do repórter da CBN, até porque não havia nada a esconder.
Por sorte, a assessoria do ministro não concordou com a presença do repórter da rádio global e o convidou a se retirar, no que acabou sendo atendida. Pouco depois, o pouco que esse repórter gravou da reunião já estava no site da CBN.
A agenda do ministro pode ser pública, mas a entidade em que ele estava é privada, de modo que ninguém tem direito de ter acesso às suas instalações sem autorização de seus donos.
Em minha opinião, blogueiros que a Globo e outros veículos da mídia oposicionista caluniam cotidianamente não têm qualquer obrigação em lhes facilitar nada, principalmente o que pareceu intenção da CBN de fiscalizá-los.
Está na hora de blogueiros tratarem essa mídia exatamente da forma como ela os trata.
Sobre Rossetto, o que vale reportar é que a iniciativa dele de ouvir sugestões e críticas de blogueiros é saudável e permite inferir que o governo Dilma está mais antenado.
Aliás, foi isso que o ministro disse, que o governo quer dialogar com todos os setores e aprimorar sua comunicação.
Rossetto ouviu e registrou críticas deste blogueiro à comunicação do governo e lhe respondeu pergunta sobre como vê as ameaças incessantes de ruptura institucional via um processo fajuto de impeachment que setores da mídia e da oposição ameaçam desencadear.
Rossetto relatou que o governo descarta que essa ruptura possa acontecer. Disse que “Parte da elite brasileira está com a cabeça em 1954 e 1964. Porém, não há mais clima para golpes porque a democracia brasileira se consolidou”.
Insisti com ele. Perguntei se não acredita mesmo que a Câmara dos Deputados possa receber e votar um processo de impeachment; Rossetto diz que o governo descarta “completamente” essa possibilidade.
Em minha opinião, o governo Dilma está mesmo convencido de que não existe possibilidade de impeachment de Dilma. Só não sei se concordo.